quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

PARTE 2 Hermeneutica



Interpretação na História

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 INTRODUÇÃO

Uma coisa precisa ser muito bem esclarecida. 
O estudante de teologia não é o único que está tentando interpretar a Bíblia, isto vem ocorrendo há muito tempo. Por isso é necessário ter uma visão panorâmica da história da interpretação bíblica ocorrida no decorrer dos anos. Através deste ponto de vista o estudante entenderá melhor os métodos e os princípios de interpretação. Também não cometerá os mesmos erros, podendo partir de um ponto já visto ou, até mesmo, pular um erro e procurar uma melhor forma de interpretar. O adágio de Santayana diz que "aquele que não aprende a lição da história está fadado a repeti-la". Então, para uma melhor compreensão do panorama histórico, é preciso ver alguns tipos de interpretação ao decorrer dos anos.


 Interpretação judaica

Apesar do povo de Israel estar sempre ouvindo as leis de Deus (Torah), continuava tendo a necessidade de interpretá-las para que a compreendesse.

Pode-se afirmar que a história da interpretação bíblica começou com Esdras quando o povo voltou do cativeiro babilônio, por volta de 536 a.C., para a reconstrução do Templo de Jerusalém, conforme consta no livro de Neemias 8.1-12.

O povo pediu a Esdras que lesse a Torah, porque no período do exílio a compreensão do hebraico havia sido perdida e se falava o aramaico. Por isso era necessário que alguém pudesse traduzir o texto para a língua, ou melhor, para a cultura do povo judeu, conforme consta no versículo 8, o qual fala a respeito da leitura da Palavra de Deus e como os levitas fizeram para que o povo a entendesse através da interpretação.

Apesar de todo esse cuidado, que foi muito importante, surgiram alguns problemas. Com o passar dos anos os rabinos acharam que podiam interpretar as Escrituras através de outros meios existentes na época, os quais eram diferentes aos já existentes. Vejamos a seguir:

Letrismo


Era o tipo de interpretação na qual as letras na mente do autor criavam interpretações fantásticas.

O rabino Akiba (50? - 132 d.C.), líder de uma escola para rabinos em Jaffa, na Palestina, afirmava que toda repetição, figura, paralelismo, sinonímia, palavra, partícula, pleonasmo e, ainda mais, a própria forma de uma letra possuía um significado oculto. Da mesma forma que cada fibra da asa de uma mosca ou da perna de uma formiga tem sua importância curiosa. Também dizia que, assim como o martelo que trabalha ao fogo provoca muitas fagulhas, cada versículo das Escrituras possui muitas explicações. Para ele cada consoante do texto bíblico tinha vários significados.


                         Midráshica


O rabino Hillel (70? a.C. - 10 d.C.), nascido na Babilônia e fundador de uma escola em Jerusalém, é considerado o fundador das normas básicas da exegese rabínica.

Essas regras foram divididas em seis (6) tópicos, os quais se subdividiram nos 613 mandamentos da lei mosaica. Mesmo assim, continuou com uma exposição fantasiosa em vez de conservadora.

Sua exegese dava vários significados aos textos, palavras e frases sem levar em conta o contexto; combinava textos que tinham palavras ou frases semelhantes sem se preocupar com as idéias expostas em cada um e interpretava aspectos incidentais de gramática. Ex.:

A "formação de uma família" no texto, isto é, quando um grupo de passagens possui conteúdos semelhantes, considera-se que tal grupo tenha a mesma natureza, oriunda do sentido da passagem principal do grupo. Assim sendo, pode-se interpretar o que está difícil nas passagens levando-se em consideração o trecho principal;

Outro exemplo seria a dedução a partir do contexto.


Pelo simples fato de dar interpretação a identificação de significados ocultos em incidentes gramaticais e a expressões numéricas arquitetadas, a midráshica perdeu a visão do verdadeiro sentido do texto.

Pesher


Este método de interpretação existia, particularmente, entre as comunidades de Qumran e dava ênfase às coisas escatológicas. A comunidade de Qumran acreditava que tudo quanto os antigos profetas escreviam tinha um significado profético. Esta interpretação apocalíptica era comum entre eles, pois acreditavam que o "Mestre da Justiça" (Deus) tinha revelado o significado das profecias, que sempre foi um mistério. Mas o que mais os agradava era a idéia de pensarem que eles eram o remanescente das profecias.



                        Alegórica


Alegorizar é procurar um sentido oculto ou obscuro que se acha escondido no texto. Entretanto este sentido é dado de acordo com a interpretação do intérprete.

A interpretação alegórica baseia-se, principalmente, no sentido literal que é tido como base. Dentro desta ótica, a interpretação literal é um código que precisa ser decifrado e a alegorização traz o seu verdadeiro significado e dá sentido ao texto.

Virkler diz que a exegese alegórica baseava-se na idéia de que o verdadeiro sentido jaz sob o significado literal da Escritura.

Alguns escritores afirmam que a interpretação alegórica já existia. Mas foi a partir da admiração, que os filósofos gregos tinham pela mitologia, que a alegorização se tornou mais conhecida e também muito influenciada. Os filósofos utilizavam este método porque a mitologia grega era muito imoral, talvez seja melhor dizer amoral, e também continha muito antropomorfismo. Com a interpretação alegórica os mitos perderam o sentido literal e passaram a ter um sentido oculto e mais profundo, isto é, sempre havia uma aplicação para a vida pessoal.

Os judeus alexandrinos, no Egito, foram alcançados pela filosofia grega e tiveram sérios problemas quando começaram a ser influenciados pela mesma. Pois como eles poderiam aceitar o AT e a filosofia grega? Alguns achavam a resposta alegorizando a Torah (Lei Mosaica). Duas pessoas se destacaram neste período, Aristóbulo (100 a.C.) e Filo (20 a.C. - 54 d.C.).

Aristóbulo acreditava que o AT era a base da filosofia grega, por isso os ensinamentos só seriam compreendidos mediante a alegorização.

Filo ou Filão é considerado o alegorista judeu-alexandrino mais famoso. Apesar de sofrer a influência da filosofia grega, tentou defender o AT contra todos. Sua vontade de defendê-lo era tão grande que achava que o sentido literal era para os imaturos e o alegórico para os maduros, isto é, para a alma.

Seu medo era que Deus fosse visto como alguém terrível ou como um monstro da mitologia grega e por isso preferia aplicar algumas passagens à vida normal através da alegorização. Alguns exemplos onde ele utilizava a alegoria:

Quando o significado literal dizia algo indigno de Deus; a declaração parecia ser contraditória à outra da Escritura; havia expressões ambíguas ou palavras
supérfluas; havia repetição de algo já reconhecido; era possível um jogo de palavras; havia presença de símbolos.

Exemplo citado por Zuck: Se o texto bíblico diz que Adão 'se escondeu de Deus', essa expressão é uma desonra a Deus, que vê todas as coisas - portanto, só se pode tratar de alegoria.

A interpretação alegórica influenciou a tantos, que os essênios se tornaram numa comunidade fechada e ascética. Eles viviam em cavernas próximas ao Mar Morto, copiavam as Escrituras e escreviam alguns comentários sobre o AT.

Com a vinda de Jesus e do Espírito Santo, assim como, com a obediência dos apóstolos em ensinarem os mandamentos de Cristo, a interpretação começou a tomar outro rumo.

O NT é constituído de quase 15% de citações diretas, de paráfrases ou de alusões ao AT. Dos trinta e nove (39) livros do AT, apenas nove não são expressamente mencionados no NT.

Jesus é a fonte para a veracidade do AT, pois ele citou muitos textos do AT dando autoridade a tais. É muito importante observar que Jesus nunca entrou em contradição com nenhum texto, muito menos com os escribas. Todas as interpretações feitas por ele eram aceitas pelos que as ouviam. Os escribas e os fariseus nunca o acusaram de usar a Escritura de uma forma antinatural ou ilegítima.

No texto de Mateus 5.21-48, Jesus repudia os acréscimos e as interpretações errôneas do AT. Em Mateus 22.23-33 encontra-se novamente um relato de Jesus corrigindo os saduceus. No versículo 29 Jesus os corrige ao dizer:

“Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus.”


e ainda, no versículo 33 é demonstrado como Jesus era visto por todos:


“E as multidões, ouvindo isso, se maravilhavam da sua doutrina.”


Mesmo assim, as interpretações continuavam ocorrendo de forma incorreta. Na época dos apóstolos ocorreram alguns problemas relacionados com elas. Mas a maioria das interpretações feita no NT em relação ao AT era literal, isto é, história como história; poesia como poesia.


Interpretação Patrística


A respeito dos pais da igreja no 1º século d.C., sabe-se que em seus escritos proliferavam algumas citações do AT e entendiam que estas convergiam para Jesus Cristo.

Juntamente com os apóstolos, uma escola de interpretação alegórica dominou a igreja nos séculos seguintes. Mas esta alegorização tinha um propósito considerado digno, que era o desejo de entender o AT como um documento cristão.

Clemente de Roma (de 30 a 95 d.C.) fez muitas citações detalhadas do AT e também citou o NT com muita freqüência, com o intuito de reforçar as suas próprias exortações. Inácio de Antioquia, da Síria, escreveu sete cartas endereçadas à Roma citando constantemente o AT e falando de Cristo; Policarpo de Esmirna, em sua Epístola aos Filipenses, também citou o AT. A Epístola de Barnabé também contém as suas citações e é nela que se encontra a gematria, a saber, a prática de atribuir significados aos números.

Entretanto, o mais importante de tudo isto é que todos os pais da igreja primitiva escreveram sobre Jesus utilizando o AT como referência, mesmo sendo influenciados pela alegorização.

Um exemplo desses textos que mostravam que o AT prenunciava a Jesus Cristo é o de Justino Mártir (100-164 d.C.). Apesar de alegorizar todos os textos que escrevia, ele afirmava que o AT fora escrito para os cristãos. Todavia estes só poderiam entendê-lo através da alegorização.

Quem permaneceu quase intocável, quanto a alegorização, foi Irineu (130-202 d.C.). Suas obras mais conhecidas são: Contra as Heresias e A refutação da falsa gnose. Ele ressaltou que o melhor método de interpretação era o da fé.

Outro que seguiu os mesmos caminhos de Irineu, foi Tertuliano de Cartago (160-220 d.C.). Dizia que a solução para as heresias era a regra da fé, que era mais conhecida como os ensinamentos ortodoxos sustentados pela igreja. Mesmo acreditando que as Escrituras tinham de ser interpretadas de forma literal, começou a ser influenciado pela alegorização.



Os Pais Alexandrinos


Foi na cidade de Alexandria que a religião judaica e a filosofia grega se encontraram e começaram a ter um processo de união. A filosofia platônica era tida como popular e era utilizada na interpretação das Escrituras.

No início do 3º século d.C. a interpretação das Escrituras sofreu forte influência da escola catequética de Alexandria, a qual tinha como mestre, Panteno. Este faleceu em 190 d.C. e é o mais antigo mestre citado desta escola do Egito. Ele foi professor de Clemente de Alexandria (155-216 d.C.), o qual provavelmente foi influenciado por Filo.

Clemente de Alexandria ensinava que as Escrituras possuíam uma linguagem simbólica para despertar a curiosidade das pessoas e isto ocorria porque nem todos deveriam entendê-la. Para ele o método literal desenvolvia uma fé muito elementar. Foi o primeiro a aplicar o método alegórico na interpretação do AT e a propor o princípio de que toda Escritura deve ser entendida alegoricamente.

Desenvolveu uma teoria onde afirma que as Escrituras estavam cheias de riquezas e são muito profundos. Orígenes (185-254 d.C.), foi seu discípulo e esse cria que cada detalhe contido na Escritura é algo simbólico e tinha como base para esta afirmação o texto de I Coríntios 2.6-7

“Na verdade, entre os perfeitos falamos sabedoria, não porém a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que estão sendo reduzidos a nada; mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, que esteve oculta, a qual Deus preordenou antes dos séculos para nossa glória.”

Orígenes era tricotomista (Doutrina que admite que são três os princípios que se integram no homem; o corpo, a alma e o espírito) como Platão e achava que as Escrituras também possuíam três partes, afinal foram reveladas para os homens. Para ele o corpo era o sentido literal, o qual desprezava; a alma, o sentido moral; e o espírito, o sentido alegórico ou místico.

Uma das suas obras mais conhecidas é Os Hexapla, que era composta por seis colunas paralelas e que continham o texto em hebraico e mais cinco versões gregas diferentes. Esta obra durou vinte e oito anos para ser concluída. Entretanto, o trabalho que mais defendia a sua tese era o De principiis. Apesar de toda sua alegoria foi considerado o maior teólogo de todos os tempos.


Os Pais Antioquinos


No meio de toda essa confusão, surgiu um grupo de eruditos em Antioquia, da Síria, que tentou acabar com o letrismo dos judeus e com o alegorismo dos alexandrinos. Doroteu e Lúcio faziam parte deste grupo e, segundo dizem, foram eles que fundaram a escola de Antioquia no final do terceiro século.

Os pais da igreja, em Antioquia, incentivaram o estudo das línguas originais das Escrituras (hebraico e grego) e também começaram a redigir comentários sobre as Escrituras. Para os antioquenses o significado espiritual de um acontecimento histórico estava implícito no próprio acontecimento. Um exemplo: para eles a partida de Abraão de Harã (Gn 12.1-9) para a terra prometida por Deus, nada mais é, que um sinal de fé, confiança em Deus.

Diodoro, um dos antioquenses, escreveu um tratado sobre os princípios de interpretação. Entretanto, o seu feito maior, é demonstrado através da vida de seus dois discípulos Teodoro de Mopsuéstia e João Crisóstomo.

Teodoro de Mopsuéstia foi considerado o maior intérprete e crítico da escola de Antioquia. Defendia com muito zelo o princípio da interpretação histórico-gramatical, isto significa que o texto tinha que ser interpretado conforme as regras gramaticais e os fatos da história. Foi considerado o exegeta da época e a sua exegese era intelectual e dogmática.

João Crisóstomo, outro discípulo de Diodoro, se destacou mais por causa da sua eloqüência. Por isso o nome Crisóstomo, que significa boca de ouro. Foi considerado o arcebispo de Constantinopla. Sua exegese era "espiritual" e prática. Escreveu mais de 600 homilias (Pregação em estilo familiar e quase coloquial sobre o Evangelho. Discurso que afeta moral exagerada); suas obras contêm cerca de 7.000 citações do AT e 11.000 do NT. Por isso alguns o consideram o maior comentarista entre os primeiros pais da igreja.

A escola de Antioquia criticava os alexandrinos por colocarem a historicidade do AT em dúvida constantemente. Todavia teve alguns problemas que a levou a entrar em contradição. Entre eles deve-se ressaltar que Teodoro, apesar de aceitar o sentido literal das Escrituras, não aceitou a inspiração divina de alguns livros. Também não se pode deixar de falar em Nestório, discípulo de Teodoro, o qual se envolveu numa grande heresia concernente à pessoa de Cristo e também deixou se influenciar com outras circunstâncias históricas.




Influência Ocidental


Entre os séculos V e VI surgiu, no Ocidente, um tipo intermediário de exegese. Além de acolher alguns elementos da escola alegórica de Alexandria, acolheu também os princípios da escola da Síria. Mas teve uma influência importante porque acrescentou um elemento, até então sem importância, que era a autoridade da igreja e da tradição na interpretação da Bíblia. Desta forma o ensino, no âmbito da igreja, passou a ter valor e virou regra. Essa exegese foi representada por Hilário, Ambrósio, Jerônimo e Agostinho. Mas estes dois últimos foram os que mais influenciaram no método de interpretação entre todos os setes que se destacaram.

Jerônimo, 347-419 d.C., adotou, no princípio, a alegorização de Orígenes. Mas depois se tornou mais literal graças à influência da escola de Antioquia e dos membros judeus. Acreditava que o método literal desvendava o sentido mais profundo das Escrituras, caso contrário, ignorava-o. O comentário que fez sobre Jeremias tinha o método literal, mas ao compará-lo com o comentário sobre Obadias, nota-se a diferença entre os métodos literal e alegórico.

Era um profundo conhecedor do grego e do hebraico, embora tenha utilizado na sua exegese muitas notas lingüísticas, históricas e arqueológicas.

Jerônimo viajou muito, mas por volta de 386 d.C. morou em Belém. Onde em clausura, escreveu vários comentários sobre os diversos livros da Bíblia e a traduziu para o latim. Esta foi a maior de todas as suas obras, A Vulgata.

Outro que se destacou dos demais foi Agostinho, cuja diferença em relação a Jerônimo estava em não conhecer as línguas originais das Escrituras. Mas em termo de originalidade e inteligência, foi o maior de sua época (354-430 d.C.) e também exerceu grande influência na igreja.

No início, seguia a linha do maniqueísmo: movimento que começou no início do século III d.C., desvalorizava o NT e ressaltava os antropomorfismos absurdos do AT. Os maniqueístas eram seguidores de Manes e tinham dois princípios básicos: que havia um Deus bom e um mau; afirmavam que o casamento e a procriação eram um ato pecaminoso.

Ao ouvir Ambrósio citar na Catedral de Milão, na Itália, o texto de II Coríntios 3.6 que diz:

“... o qual também nos capacitou para sermos ministros dum novo pacto, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica.”

Agostinho atentou apenas para a parte que diz que a letra mata, mas o espírito vivifica e a utilizou como base para a sua metodologia alegórica na interpretação. Ele afirmava que a interpretação literal das Escrituras mata, mas a alegórica ou espiritual vivifica. Com este método de interpretação, Agostinho, tornou-se um alegorista na prática e por isso, os seus escritos apresentados no trabalho De Doctrina Christiana, têm mais valor do que seus comentários exegéticos. Nesta obra, escrita em 397 d.C., afirmou que a maneira de descobrir o sentido alegórico de uma passagem é consultar a regula fidei (regra da fé), que era para ele o ensinamento da igreja e da própria Escritura. Apesar de considerar o sentido literal usou livremente o alegórico e também defendeu que um intérprete deve estar sempre pronto para sua tarefa, seja filosófica, crítica ou histórica, mas que acima de tudo tem que ter amor ao autor.

No terceiro volume da obra De Doctrina Christiana, são apresentadas sete regras de interpretação que eram tidas como base racional para a alegorização. São elas:

1-O Senhor e seu corpo: as referências a Cristo quase sempre também se aplicam a seu corpo, a igreja; 
2-A divisão em dois, feita pelo Senhor ou a mistura que existe na igreja: a igreja pode conter tanto hipócritas quanto cristãos genuínos, representados pelos peixes bons e maus apanhados na rede (Mt 13.47,48); 
3-Promessas e a lei; algumas passagens estão relacionadas com a graça e outras com a lei; algumas ao Espírito, outras à letra; algumas às obras, outras à fé; 
4-Espécie e gênero: certas passagens dizem respeito às partes (espécie), enquanto outras se referem ao todo (gênero). Os cristãos israelitas, por exemplo, são uma espécie (uma parte) dentro de um gênero, a igreja, que é o Israel espiritual; 
5-Tempos: discrepâncias aparentes podem ser resolvidas inserindo uma afirmação em outra. Por exemplo: a versão dos evangelhos de que a transfiguração ocorreu seis dias após o episódio em Cesaréia de Filipe insere-se dentro da versão de outro evangelho, que registra oito dias. E o significado dos números quase nunca é o matemático exato, mas sim o de ordem de grandeza; 
6-Recapitulação: algumas passagens difíceis podem ser explicadas quando vistas como se referindo a um relato anterior. O segundo relato sobre a Criação, em Gênesis 2, é entendido como uma recapitulação do primeiro relato, em Gênesis 1, não como uma contradição a ele; 
7-O diabo e seu corpo: algumas passagens que falam do diabo, como Isaías 14, estão mais relacionadas a seu corpo, isto é, a seus seguidores.

Agostinho também disse que a Escritura tem um sentido quádruplo: histórico, etiológico (estudo de coisas acerca da origem), analógico, e alegórico. Para ele o texto bíblico possui mais de um sentido, justificando assim o método alegórico. Com base neste método quádruplo de interpretação, Agostinho dizia que: nos textos de Gênesis 2.10-14 os quatro rios eram quatro virtudes fundamentais; em Gênesis 3.7,21 as folhas da figueira eram a hipocrisia e o cobrir da carne, a mortalidade; em Gênesis 9.20-23 a embriaguez de Noé, simbolizava o sofrimento e a morte de Cristo.

Apesar dele ter influenciado no desenvolvimento da exegese científica na parte teórica, não a praticou em seus estudos bíblicos e ainda teve a sua opinião como um fator predominante na Idade Média.

Muitos foram influenciados por esse método de Agostinho. Entre eles está João Cassiano, monge da Cítia (atual Romênia), 360-435 d.C., também pregou o sentido quádruplo da Bíblia, só que tinha dois itens diferentes: histórico, alegórico, tropológico e anagógico. O sentido tropológico, se referia ao sentido moral já que o significado da palavra no grego é desvio, indicando conduta, comportamento, isto é, um sentido moral; o anagógico, se refere a algo oculto, celestial que no grego é traduzido por fazer subir. De acordo com este método os quatro significados de Jerusalém são: historicamente: a cidade dos judeus; alegoricamente: a igreja de Cristo; tropologicamente (ou moralmente): a alma humana; anagogicamente: a cidade celestial.

Euquério de Lião (? - 450 d.C.), em seu livro As regras da Interpretação Alegórica, tentou provar que as Escrituras contêm linguagem simbólica. Dizia que da mesma forma que não se joga pérolas aos porcos, as verdades bíblicas são vedadas às pessoas não espirituais. Mas também percebia um sentido literal nas Escrituras.

Adriano de Antioquia, por volta de 425 d.C. elaborou um manual de interpretação chamado Introdução às Sagradas Escrituras, onde afirmou que os antropomorfismos não devem ser interpretados ao "pé da letra". Disse que para compreender os significados mais profundos era preciso transcender o entendimento literal.

Junílio, em 550 d.C, redigiu o manual de interpretação As Regras da Lei Divina, e afirmou que a fé e a razão não são pólos opostos. Apoiou Adriano ao dizer que a interpretação da Bíblia deveria partir da análise gramatical, mas nunca se limitar só a ela.

Vicente, 450 d.C. em seu Commonitorium disse que "a linha de interpretação dos profetas e apóstolos precisa seguir a norma dos sentidos eclesiásticos e católicos". Para verificar o sentido do texto ele se baseava na universalidade, na idade e no bom senso do mesmo.

De acordo com tudo o que foi visto, nota-se que Jerônimo, Agostinho e Vicente abriram espaço para a alegorização e para a autoridade da igreja.


Interpretação na Idade Média


Na Idade Média, a ignorância em relação a Bíblia predominou. Muitos clérigos (Indivíduo que tem todas as ordens sacras, ou algumas delas; aquele que pertence à classe eclesiástica; sacerdote cristão; aquele que já se iniciou nas ordens sacras pela tonsura dos cabelos) conheciam apenas a Vulgata e os escritos dos pais da igreja e era através destes que eles estudavam a Bíblia, pois achavam-na muito cheia de mistérios e que só poderiam entendê-la misticamente.

Por isso, que a tradição da igreja ocupou lugar de relevo, assim como a alegorização e o sentido quádruplo da Escritura de Agostinho e João Cassiano. Para eles fazerem uma boa interpretação bíblica, o texto tinha que ter quatro níveis de significação:

1-A letra mostra-nos o que Deus e nossos pais fizeram (histórico); 2-A alegoria mostra-nos onde está oculta a nossa fé (alegórico); 3-O significado moral dá-nos as regras ocultas da vida diária (tropológico); e 4-A anagogia mostra-nos aonde termina a nossa luta (anagógico).

O princípio aceito para a interpretação era o que se adaptava à tradição e a doutrina da igreja. Toda a teologia estava condicionada a este princípio quando se referia a Bíblia. O clérigo que reconduzisse os ensinos patrológicos e descobrisse os ensinos da igreja nas Escrituras Sagradas era tido como o erudito da época.

Nos mosteiros foi adotada a regra de São Benedito que dava ênfase à leitura da Bíblia sendo a explicação final conforme a exposição patrológica. Hugo de S. Victor disse que primeiro aprendia o que deveria crer e depois encontrava a afirmação na Bíblia. Os estudantes que surgiam também utilizavam a alegoria para interpretarem as Escrituras.

Alguns associam o início da Idade Média a Gregório o Grande (540-604 d.C.), o qual foi o primeiro Papa da Igreja Católica Romana. Este também utilizava e defendia o método alegórico. Como exemplo de sua alegorização pode-se citar o livro de Jó: onde os três amigos são os hereges, os sete filhos são os doze apóstolos, as sete mil ovelhas são os pensamentos inocentes, os três mil camelos são as concepções vãs, as quinhentas juntas de bois são as virtudes e os quinhentos camelos são as tendências lascivas.

Alegorizar a Bíblia como se vê acima, pode levar a um extremo e até mesmo a heresia. Entretanto, muitos seguiram o mesmo caminho. Entre eles estão:

a)   Beda, o Venerável (673-734) teólogo anglo-saxão: para ele na parábola do filho pródigo o filho era a filosofia mundana, o pai era Cristo e a casa a igreja;

b)  Alcuíno (735-504), de Iorque, na Inglaterra;


c)  Rabano Mauro, que foi aluno de Alcuíno. Escreveu que as quatro rodas da visão de Ezequiel representavam a lei, os profetas, os evangelhos e os apóstolos. No quádruplo sentido, a Bíblia tinha como significado histórico, o leite; alegórico, o pão; anagógico, o alimento saboroso; tropológico, o vinho que alegra;

d)   Bernardo de Claraval (1090-1153) era um monge que além de vários trabalhos fez 86 sermões, apenas sobre os dois primeiros capítulos de Cantares. Era um exagerado no misticismo e na alegorização;

e)   Joaquim Flora (1132-1202), monge beneditino, disse que existem três eras: 1) da criação a Cristo - de Deus; 2) de Cristo até o ano de 1260 - de Cristo; 3) a que começou em 1260 - do Espírito Santo;

f)  Stephan Langton (1155-1228), arcebispo de Cantuária, disse que no livro de Rute o campo simbolizava a Bíblia, Rute os estudiosos e os ceifeiros são os mestres. Foi ele quem dividiu a Vulgata em dois capítulos.

Apesar da alegorização e do método quádruplo de interpretação predominar no período medieval, outros métodos estavam sendo desenvolvidos. Entre eles estava o dos cabalistas, um grupo que se desenvolveu neste período, eram pessoas que se dedicavam às ciências ocultas e que tinham em comum o objetivo de interpretar a Bíblia de forma mística e misteriosa.

No último período medieval, os cabalistas na Europa e na Palestina, deram ênfase à tradição do misticismo judaico e fizeram com que a prática do letrismo se tornasse ridícula. Para eles tudo tinha um significado místico, sobrenatural, principalmente quando se tratava das letras da Bíblia.


Entre alguns grupos existentes, havia um que estava crescendo e este utilizava um método de interpretação mais científico. Também havia os judeus espanhóis dos séculos XII a XV que incentivavam a volta ao método histórico-gramatical para a interpretação.

O teólogo mais famoso da Igreja Católica Romana, no Período Medieval, foi Tomás de Aquino (1225-1274), que apoiava o método do sentido quádruplo, mas chegou a observar uma certa incompatibilidade no mesmo. Na prática alegorizou bastante, mas na teoria cria que o sentido literal era fundamental para qualquer exposição dos escritos da Bíblia. Para ele, da mesma forma que a Bíblia tem um autor divino e vários autores humanos, ela tem que ser interpretada com o sentido literal e com o espiritual. Mas o literal continuava sendo a base de tudo. Esta teoria está expressa em sua Summa Theológica.

No mesmo período surgiu um homem que influenciou muito para o retorno à interpretação literal, Nicolau de Lyra (1270-1340), que chegou a ser considerado a luz no meio das trevas na época da Reforma. Acusou o sentido quádruplo de sufocar o literal. Embora admitisse dois sentidos, o literal e o místico, a sua base era o literal e também via da mesma forma em relação a doutrina. Com esta visão mostrou que apoiava e era influenciado pelo Rabino Shilomão Bar Isaque.

Rashi (1040-1105) foi um literalista judeu que influenciou muito nas interpretações judaica e cristã, através da ênfase que dava a gramática e a sintaxe do hebraico.

Com a mesma visão, Nicolau de Lyra, rejeitou a Vulgata e se voltou para o hebraico. Um ponto importante é que ele não conhecia o grego. Mas ele influenciou fortemente Lutero e, segundo alguns, foi quem deu início a Reforma.

Ainda há um teólogo, extraordinário, que precisa ser citado, João Wycliffe (1330-1384), afirmava que as doutrinas e a vida cristã tinham como fonte a Bíblia. Contestando a posição tradicional da Igreja Católica. Foi o primeiro a traduzir a Bíblia para o inglês e disse que tudo o que é necessário na Bíblia está contido nos sentidos literal e histórico.

Utilizava como regras para a interpretação bíblica um texto confiável e entendia a lógica do mesmo. Comparava os textos bíblicos entre si e se colocava sob a orientação do Espírito Santo de Deus.


Mesmo existindo alguns teólogos que se esforçavam para estudar e tornar as interpretações mais coerentes, havia uma grande mistura em relação as interpretações. A ignorância do povo e, principalmente, dos teólogos começou a predominar. Começando então, a surgir um conflito que mais tarde tornou-se conhecido como a Reforma.

A Interpretação na Reforma


A Renascença foi muito importante para o desenvolvimento de princípios hermenêuticos sadios. Nos séculos XIV e XV havia muita ignorância em relação ao conteúdo da Bíblia. Muitos doutores em divindade nunca haviam lido a bíblia toda. A única forma pela qual a Bíblia era conhecida era através da tradução de Jerônimo.

A Reforma foi uma época de distúrbios sociais e eclesiásticos, mas foi essencialmente, uma reforma hermenêutica, isto é, uma reforma quanto a forma de ver e interpretar a Bíblia. Durante a Reforma a Bíblia passou a ser a única fonte legítima para nortear a fé e a prática. Os reformadores utilizavam como base o método literal que a escola de Antioquia e dos vitorinos utilizava.

A Renascença que teve início na Itália reavivou o interesse pela literatura clássica, incluindo o hebraico e o grego. Desidério Erasmo, humanista proeminente da época, revisou e publicou, em 1516, a primeira edição crítica do Novo Testamento Grego, facilitando desta forma o estudo da Bíblia. Johannes Reuchlin escreveu diversos livros sobre a gramática hebraica e um léxico também. Estes dois eram conhecidos como os dois olhos da Europa e mostraram aos intérpretes da Bíblia que, para estudá-la, era preciso conhecer as línguas em que fora escrita.

Nota-se que o sentido quádruplo foi deixado e o novo pensamento é que a Bíblia só tem um sentido. Para os reformadores a Bíblia era a Inspirada Palavra de Deus e mesmo que a idéia a respeito da inspiração fosse estrita, eles a tinham mais como orgânica do que mecânica. Também viam a Bíblia como a maior autoridade e como a fonte final de apelação em todas as questões teológicas. Tudo que antigamente era confiado e posto para a igreja passou a dar lugar para a Bíblia.

Afirmavam que não era a igreja que determinava o que as Escrituras ensinavam, mas tinha que acontecer ao contrário, isto é, as Escrituras que determinavam o que a igreja deveria ensinar. Surgiram dois princípios fundamentais: 1) Scriptura scripturae interpres (Escritura é intérprete da Escritura); 2) Omnis intellectus ac expositio Scripturae sit analogia fidei (toda compreensão e exposição da escritura seja de acordo com a analogia da fé).







Martinho Lutero (1483-1546)

Após passar por uma experiência pessoal com Cristo através da leitura da

Bíblia, Lutero deixou de alegorizar os textos e criticou esse método de forma veemente.

Ele disse que:


"quando monge, eu era perito em alegorias. Eu alegorizava tudo. Mas, depois de fazer preleções sobre a Epístola aos Romanos, passei a conhecer a Cristo.
Foi assim que percebi que ele não é nenhuma alegoria e aprendi a saber o que Cristo realmente é".

Por causa desta experiência, Lutero acreditava que a fé e a iluminação do Espírito Santo eram requisitos indispensáveis para o intérprete da Bíblia. Para ele, a Bíblia deveria ser vista com olhos diferentes dos que olham para qualquer outra literatura. Rejeitou o sentido quádruplo de interpretação, o qual predominou no período medieval e ressaltou o sentido literal (sensus literalis).

Chegou a agredir com veemência o sentido alegórico ao compará-lo com a escória da Bíblia e a colocá-lo como mais baixo que a imundícia. Defendeu que as Escrituras deveriam ser mantidas em seu significado mais simples e compreendidas através do seu sentido gramatical e literal, salvo haja um impedimento por parte do contexto. Em sua exegese considerou as condições históricas, gramaticais e o contexto. Com este pensamento ressaltou a importância do estudo das línguas das Escrituras.

Lutero acreditava que todo cristão devoto podia entender a Bíblia. Contrariava a opinião da Igreja Católica Romana que tinha essas pessoas como suas dependentes. Porque a Igreja Católica determinava o que as Escrituras ensinavam, quando isto deveria acontecer ao contrário, como já foi dito antes.

Pelo fato de não concordar e abandonar o sentido alegórico, Lutero, precisou arrumar um meio de explicar como o AT se unia ao NT e a melhor forma foi achar nos textos do AT referências que apontavam para Cristo. Apesar desta forma não ser muito aceita hoje, foi ela que o ajudou a mostrar uma unidade entre o AT e o NT.

Mesmo sendo contra a alegorização, muitas vezes alegorizou, como quando disse que a arca de Noé era uma alegoria da igreja. Mesmo assim, não foi um alegorista exagerado, talvez porque se preocupou mais com a cristologia em toda Bíblia. O livro onde encontrou mais facilidades para ver Cristo foi o de Salmos.


Seus princípios hermenêuticos eram melhores do que as suas exegeses. Um de seus princípios dizia que era necessário fazer uma cuidadosa distinção entre a Lei e o Evangelho, porque a Lei se refere a Deus em sua ira para com o pecado e o Evangelho se refere a Deus em sua graça para com o pecador. Mas Lutero não incentivou o repúdio à Lei porque, segundo ele, isso levaria à imoralidade. Entretanto não conseguia ver a Lei e o Evangelho se unindo, para ele era como se fosse unir as obras à fé.

Além de ter ajudado muito e por ter acabado com a alegoria, Lutero prestou um grande serviço à nação alemã ao traduzir a Bíblia para o alemão vernáculo.

Philip Melanchthon (1497-1560)


Melanchthon, companheiro de Lutero em exegeses, continuou a aplicação dos princípios hermenêuticos de Lutero em suas exposições bíblicas, sustentando e aumentando, desta forma, o impulso do trabalho de Lutero. Chegando a ser chamado de a mão direita de Lutero.

Era um profundo conhecedor do hebraico e do grego, por isso era um intérprete admirável e prudente. Mesmo tendo umas pequenas recaídas para a alegorização, seguia, no geral, o método gramatical e histórico.

Tinha como princípios para a sua exegese que as Escrituras deviam ser entendidas gramaticalmente antes de serem teologicamente e que as mesmas têm um simples e determinado sentido.

João Calvino (1509-1564)


É   considerado um dos maiores intérpretes da Bíblia e concordava com os princípios hermenêuticos de Lutero. Também acreditava na necessidade da iluminação do Espírito Santo de Deus e considerava a interpretação alegórica uma artimanha de Satanás para obscurecer o sentido das Escrituras. Suas exposições abrangem quase todos os livros da Bíblia, dando-lhes o devido valor.

Superou a Lutero ao manter coerência entre a sua exegese com a sua teoria. Discordava de Lutero no caráter cristológico de toda a Escritura, pois não aceitava que Cristo deveria ser visto em todas as partes. Mas acreditava muito na significação tipológica de muitas coisas do AT.

Para ele os profetas deveriam ser interpretados à luz das circunstâncias históricas e não via tantos Salmos messiânicos como Lutero. Acreditava que a virtude do intérprete era "permitir que o autor diga o que realmente diz, ao invés de lhe atribuirmos o que pensamos que devia dizer". Sua frase predileta era A Escritura interpreta a Escritura, por isso se apegou à exegese gramatical e ao contexto de cada passagem.


É  mais conhecido por causa da sua teologia expressa na obra, Institutas da Religião Cristã, onde fez 1.755 citações do AT e 3.098 do NT. Também por seus comentários sobre vários livros da Bíblia. Os únicos livros que não comentou foram: Juízes, Rute, I e II Samuel, I e II Reis, I e II Crônicas, Esdras, Neemias, Ester, Provérbios, Eclesiastes, Cantares, II e III João, e Apocalipse.

Ulrich Zwínglio (1484-1531)


Enquanto Calvino era o principal da Reforma em Genebra, Zwínglio era em Zurique. Ele cortou as relações com a Igreja Católica Romana e passou a pregar sermões expositivos. Para ele, interpretar um texto sem conhecer o seu contexto era como separar uma flor da sua raiz.

Outro que se destacou foi William Tyndale (1494-1536), que defendia o sentido literal. Traduziu o NT para o inglês em 1525, o Pentateuco e o Livro de Jonas.

Por causa destes e outros que se desligaram da Igreja Católica Romana, começou a surgir alguns problemas, porque a Igreja Católica Romana não aceitava perder a sua posição autoritária e suprema na vida das pessoas. Afinal, agora as pessoas podiam ler a Bíblia e entendê-la através dos seus próprios estudos.

Além de perder o controle total sobre tudo o que se referia as Escrituras, a Igreja Católica Romana, começou a perder a credibilidade em relação aos seus intérpretes (doutores) das Escrituras. Porque eles não conheciam a Bíblia tão profundamente e nem se preocupavam porque estavam acostumados a interpretá-la de acordo com o que pensavam, pois utilizavam o método alegórico.

A Reforma foi realmente uma revolução que mexeu com muita gente e teve grandes repercussões. Todavia o maior problema não foi a Reforma em si, mas os seguidores de Lutero, Calvino, Zwínglio e etc; porque se preocuparam em atacar a Igreja Católica Romana, ao invés de continuarem a seguir a ênfase dada à fé e a revelação para a interpretação.

Neste movimento surgiram muitos grupos e foram realizados concílios entre outros fatos. Este período é mais conhecido como pós-reforma.



A Interpretação na Pós-Reforma


Do século XVII ao XVIII alguns movimentos se tornaram marcantes. Entre eles pode-se citar a divulgação e a disseminação do calvinismo, assim como, as reações ao mesmo, os estudos textuais e lingüísticos e o racionalismo.

Todos estes são frutos do que ocorreu durante o conflito existente entre os períodos medieval e da Reforma. Pois este último teve muita força nos seus adeptos e seguidores contra a Igreja Católica Romana. Mas a Reforma Protestante serviu para esclarecer algumas dúvidas referentes à interpretação da Bíblia.

No decorrer dos séculos XVII e XVIII, houve um grande desenvolvimento no sentido de descobrir o texto original da Bíblia e muitas pessoas se destacaram como sendo grandes críticos das Escrituras.

Louis Cappell é considerado o primeiro crítico textual do AT, conforme pode-se notar em sua obra Crítica Sacra de 1650. Johann A. Bengel é conhecido como o pai da crítica textual moderna, pois foi o primeiro a identificar famílias ou grupos de manuscritos, com base em características comuns. Em 1734, publicou uma edição crítica do NT grego e um comentário crítico. Em 1742, escreveu um comentário crítico, de versículo por versículo, sobre o NT. Johann J. Wettstein corrigiu muitos manuscritos do NT e publicou o NT grego em dois volumes com um comentário em 1751.

Após o Concílio de Trento os protestantes começaram a criar as suas próprias doutrinas para poderem defender os seus ensinamentos. Por isso a pós-reforma foi considerada uma época de dogmatismos teológicos, que era uma espécie de caça às heresias e de um rigoroso protestantismo doutrinário.

Como em todo movimento que surge, a Reforma também gerou alguns problemas, estes podem ser vistos ao observar os grupos que surgiram e o que pregavam.

Com a liberdade de interpretação dos teólogos, muitos começaram a seguir linhas de pensamentos diferentes ao invés de se reunirem e chegarem a um acordo.


Os Anabatistas


Este movimento começou em 1525, em Zurique na Suíça, com os seguidores de Zwínglio. Eles achavam que Zwínglio não cortara os laços com a Igreja Católica Romana nas questões referentes ao controle da igreja por parte do Estado e no batismo de crianças. Os fundadores deste movimento foram: Conrad Grebel, Felix Mantz e Georg Blaurock.

Os anabatistas achavam que se uma pessoa tivesse sido batizada quando criança, de acordo com a linha reformada Zwingliana, após tornar-se adulta, se aceitasse a Cristo, deveria ser rebatizada. Daí o nome anabatista (que batiza de novo).

A Contra-Reforma


Todas as reformas empreendidas pela Igreja Católica Romana contra os protestantes, ficaram conhecidas como Contra-Reforma.

Em resposta a Reforma Protestante a Igreja Católica Romana, convocou o Concílio de Trento, o qual se reuniu várias vezes entre o período de 1545 e 1563. Este concílio declarou que a Bíblia não é a autoridade suprema, mas que a verdade encontra-se em livros escritos e em tradições não escritas. Estas incluem os pais da igreja da antigüidade e os atuais líderes.

Por se considerar a guardiã das Escrituras, a Igreja Católica Romana foi apontada como sendo a única forma possível de fazer uma interpretação precisa.

O Confessionalismo


Como já foi visto, os protestantes estavam divididos, isto é, havia muitas facções e cada uma procurava uma forma de defender a sua opinião apelando para as Escrituras.

Quase todas as cidades importantes tinham o seu credo predileto, juntamente com as controvérsias teológicas. Os métodos hermenêuticos neste período estavam se tornando escravos da dogmática.

Enquanto os protestantes se recusavam a ficar sob o domínio hermenêutico da Igreja Católica Romana, conforme havia sido formulado pelos concílios e pelos papas, começavam a surgir as confissões como forma de inibir as revoltas.


Entre outras, a Confissão de Westminster que foi aprovada pelo parlamento inglês de 1647 e pelo escocês de 1649, apresentou teses e doutrinas que eram contra o calvinismo na Inglaterra.

A posição que esta Confissão tomou em relação às Escrituras foi:


A regra infalível da interpretação bíblica está nas próprias Escrituras; portanto, quando houver dúvida sobre o significado verdadeiro e completo de qualquer passagem (que é apenas um e não muitos), deve ser pesquisado e conhecido em outros trechos que sejam mais claros.

Com esta linha de pensamento as Escrituras começaram a ser utilizadas como pretextos para apoiar as verdades incorporadas nas Confissões.

Em toda a história da exegese do século XVIII, Johann Ernesti (1707-1781) foi o nome mais notável. Seu trabalho sobre Institutio Interpretis Nove Testamenti (Princípios de Interpretação do Novo Testamento) foi um manual de hermenêutica durante uns 100 anos.

O Arminianismo (1506-1609)


O teólogo holandês Jacobus Arminius rejeitou muitos ensinamentos de João Calvino e pregava que o homem possui o livre-arbítrio. Após a sua morte, em 1610, alguns dos seus seguidores expuseram suas pesquisas num tratado chamado Contestação.

O Pietismo (1635-1705)


Através da teoria de Jacob Boehme, sobre o misticismo (crença ou doutrina religiosa dos místicos; o elemento místico de qualquer doutrina; tendência a considerar a ação de supostas forças espirituais ocultas na natureza, que se manifestam por vias outras que não as da experiência comum ou as da razão; disposição para crer no sobrenatural) na pós-reforma, foi aberto um espaço para o pietismo e sua ênfase na espiritualidade interior.

O misticismo de Boehme defendia que o homem podia adquirir conhecimentos diretos sobre Deus e ter comunhão com ele por meio de uma experiência subjetiva, à parte das Escrituras.


Surge então o pietismo que é uma reação contra o dogmatismo doutrinário.

Mas esta reação era sadia porque estavam cansados das lutas entre os protestantes.

Tinham como princípio viver uma vida piedosa.


Philipp Jakob Spener, é considerado o fundador do pietismo (movimento de intensificação da fé, nascido na Igreja Luterana alemã no século XVII; ato de afirmar a superioridade das verdades da fé sobre as verdades da razão) e como todo luterano, rejeitava o formalismo morto e a teologia apenas de palavras e credos. No folheto Anseios Piedosos pedia o fim da controvérsia, pois achava inútil. Também pedia para os cristãos voltarem a ter interesses pelas boas obras, um melhor conhecimento da Bíblia e que os ministros tivessem um melhor preparo espiritual. Para ele o cristão deveria viver uma vida consagrada, santa, uma vida de estudo e oração.

Dois dos seus seguidores se destacaram no decorrer da história, Ramback e Francke. Estes foram os primeiros que falaram a respeito da interpretação psicológica, no sentido que o sentimento do intérprete deveria estar em sintonia com os do autor que deseja compreender. Apesar de Bengel ter sido o melhor intérprete que essa escola produziu, foi August H. Francke (1663-1727) quem mais se destacou e utilizou muitas características que o folheto de Spener continha.

Francke era um erudito, lingüista e exegeta. Participou na formação de muitas instituições destinadas ao cuidado dos desamparados e dos enfermos, e ainda se envolveu na organização de um trabalho missionário na Índia. Insistia que a Bíblia deveria ser lida por inteiro com freqüência, que os comentários não poderiam tomar o lugar do estudo das Escrituras e que só os salvos por Cristo poderiam compreendê-la.

O pietismo contribuiu muito para o estudo das Escrituras. Eles tinham tanta vontade de entender e de se apropriar delas que, em alguns momentos, apreciaram a interpretação histórico-gramatical. Os mais recentes a descartaram e passaram a depender de uma luz interior ou uma unção do Santo. O problema dessas manifestações subjetivas e de suas reflexões piedosas provocaram muitas interpretações contraditórias até mesmo com a vida do autor.

Este fato de terem a edificação como alvo tão desejado os levou a desprezar a ciência. Dentro de sua ótica o estudo gramatical, histórico e analítico da Palavra de Deus produzia apenas o conhecimento externo e superficial do pensamento divino, enquanto que o que tirava conclusões para a repreensão e o que consistia em oração e lamentação penetrava no âmago da verdade.


O movimento do pietismo influenciou os morávios, que influenciaram John Wesley (1703-1791) o qual também desacreditava o racionalismo humano.

O Racionalismo


Surgiu como importante modo de pensar, com o intuito de criar um profundo efeito sobre a teologia e a hermenêutica, porque era uma posição filosófica que aceitava a razão como única autoridade que determinava as ações de alguém. Como movimento durou cerca de 100 anos.

Este movimento afirmava que o intelecto humano sabia distinguir o que é verdadeiro e falso. Isto também servia para a interpretação da Bíblia. Lutero fez questão de estabelecer uma certa distinção entre o uso ministerial e o magisterial por causa disto. Ele se referia ao uso ministerial da razão quando esta ajudava a compreender e a obedecer as Escrituras; o magisterial da razão quando ela era superior ou até mesmo, juíza das Escrituras. É lógico que Lutero apoiou a primeira!

Mas com as discussões que surgiram em torno da autoridade e da interpretação das Escrituras, alguns filósofos começaram a afirmar que só era possível compreender a Bíblia através da razão humana. Na verdade, utilizavam a Bíblia como um pretexto.

Thomas Hobbes (1588-1679), filósofo inglês, pregou o racionalismo voltado para a política, pois utilizava a Bíblia como um livro que continha regras e princípios para a república inglesa.

O judeu Baruch Spinoza (1632-1677), filósofo holandês, ensinava que a razão humana estava desvinculada da teologia. Para ele a teologia era a revelação e a filosofia era a razão e ambas eram distintas. Por ser judeu tinha facilidade para interpretar o AT, principalmente Provérbios, livro que os judeus tinham como base para culpar a Deus por tudo que acontecia. Spinoza aproveitou e mostrou que não havia nada nas Escrituras que o homem não pudesse compreender intelectualmente.

Sua teoria apelava às emoções religiosas do homem e movia a obediência, mas não a verdade. Chegou a contestar os milagres bíblicos, porque tinha a razão como único critério para interpretar as Escrituras.

Também existiram outros filósofos que deram a razão autoridade para interpretar a Bíblia. Entre eles pode-se citar João Colet; Mateus Hamond que declarou que o NT e os Evangelhos de Cristo são meras tolices, histórias de homens ou fábulas;


Mackintosh; Reimarus que acusou os discípulos de terem deturpado os ensinamentos de Cristo e falou que a fé é irreconciliável com a razão; João Ernesti que foi o fundador da escola gramatical de interpretação; João Semler que foi o fundador da escola histórica de interpretação bíblica e considerado o pai do racionalismo.

Interpretação nos séculos XIX e XX


A posição filosófica que defendia o racionalismo predominou até o século XX. Nos séculos anteriores a revelação determinava o que a razão deveria pensar, agora a razão determinava que partes da revelação deveriam ser aceitas como verdadeiras. A autoria divina, que foi muito defendida nos séculos passados, perdeu o lugar para a autoria humana.

A razão humana tomou uma parte tão grande na revelação divina que estava difícil de compreender e acreditar nas Escrituras. Surgiram então, vários grupos com pensamentos diferentes e alguns que concordavam com o racionalismo.

O Liberalismo


O século XX abrigou muitas correntes de interpretação bíblica, entre elas havia a escola liberal que apresentava Jesus como um grande mestre de ética, ao invés de Salvador. Neste período surgiram alguns estudiosos que chegaram a negar totalmente o caráter sobrenatural da inspiração; outros não a mencionavam como sendo uma iluminação de Deus sobre os seus autores. Para alguns a inspiração estava ligada à capacidade da Bíblia em inspirar uma experiência religiosa, sendo que a Bíblia fora produzida por humanos.

A Bíblia deixou de ser vista como a revelação de Deus ao homem para tornar-se em qualquer coisa que os estudiosos necessitassem, como um livro feito por qualquer homem. Darwin a utilizou para afirmar a sua teoria evolucionista. Os milagres e qualquer intervenção divina eram aceitos através de explicações de pensamentos pré-críticos. Nota-se que a Bíblia teve um naturalismo forçado.

Se alguma coisa não estivesse de acordo com as idéias do racionalismo era rejeitada. Essa idéia servia para as doutrinas também, as quais explicavam a depravação humana, o inferno, o nascimento virginal e, conseqüentemente, a morte vicária de Cristo. Schleiermacher foi um dos escritores que pensava assim.

Mas o fundamentalismo reagiu fortemente ao liberalismo e abordou para que se tivesse uma visão da Bíblia como um livro sobrenatural.


Os Neo-ortodoxos e os Ortodoxos


A neo-ortodoxia teve alguns aspectos intermediários entre o liberalismo e a ortodoxia e foi um fenômeno do século XX. Ela acabou com a idéia de que a Bíblia era fruto da mente religiosa humana, mas também não concordava que as Escrituras fossem um fruto somente divino. Para eles as Escrituras registram o testemunho do homem a respeito da revelação que Deus faz de si mesmo.

A Bíblia é vista como um compêndio de sistemas teológicos as vezes conflitantes, acompanhados por diversos erros fátuos. Desta forma há uma negação por parte deles às questões relacionadas a infalibilidade e a inerrância. Todos os fatos históricos referentes ao sobrenatural e ao natural são vistos como mitos, a saber, não ensinam a história literalmente. Já os mitos bíblicos (criação, ressurreição) mostram as verdades teológicas na forma de incidentes históricos.

Karl Barth (1886-1986), diz que a Bíblia registra e dá testemunho da revelação; em si mesma, não é a revelação. Outros líderes neo-ortodoxos são: Emil Brunner e Reinhold Neibuhr.

Rudolf Bultmann (1884-1976) ensinava que o NT deveria ser compreendido em termos existencialistas pela demitização (separar o essencial das narrativas bíblicas de sua forma literária mítica; limpar de mitos a mensagem cristã), porque em seu entender os milagres (mitos) representavam uma realidade para as pessoas daquela época, mas no momento atual não tinham nenhum significado literal. Entre esses milagres que ele questionava estava a ressurreição de Cristo.

A teologia bultmanniana era totalmente influenciada pelo existencialismo do filósofo alemão Martin Heidegger (1886-1976), a qual era fruto da Segunda Guerra Mundial. Para eles a hermenêutica não era uma ciência que formula princípios através dos quais os textos podem ser entendidos, mas era uma investigação da função hermenêutica da fala como tal, tendo um raio de ação muito mais amplo e mais profundo.

Esses eruditos utilizaram a linha do subjetivismo para afirmarem o seu pensamento sobre a Nova Hermenêutica. Pois assim o texto bíblico poderia ter o sentido que o leitor desejasse. A verdade existente era uma experiência e não um escrito.

De acordo com o que pensavam, a hermenêutica era o processo de entender a si mesmo e nunca o de desvendar a Bíblia, porque esta fora escrita há séculos e o homem não consegue entrar naquele mundo.


Os ortodoxos, que acreditavam que a Bíblia representava a revelação que Deus fez de si mesmo através de seus próprios atos à humanidade, atribuem como tarefa principal do intérprete compreender, o melhor possível, o significado intencional dos autores das Escrituras. Por isso empreenderam nos estudos da história, da cultura, da língua e outros para entenderem o que significava a revelação. Muitos teólogos conhecidos fazem parte deste movimento, entre os quais pode-se citar: H. A. W. Meyer, John A. Broadus; também existiram outros como: Louis Berkhof, A. Berkeley Mickelsen e Bernard Ramm, que serviram de manuais de hermenêutica para a tradição.

Em seu livro, Roy B. Zuck faz um tipo de mapa para dar uma noção de quem fez parte de cada período. Num formato mais simples este mapa cronológico fica assim:

Pais da Igreja:


a)  Literal: Clemente de Roma, Inácio e Policarpo;


b)  Alegórico: Barnabé;


Apologistas:


a) Literal: Justino Mártir, Irineu e Tertuliano;


Pais Alexandrinos e Antioquinos:

a)  Literal:   Doroteu,   Luciano,   Diodoro,   Teodoro,   João   Crisóstomo   e

Teodoreto;


b) Alegórico: Panteno, Clemente e Orígenes;


Pais da Igreja dos Séculos V e VI:

a)  Alegórico: Cassiano, Euquério, Adriano, Junílio, Jerônimo e Agostinho; b)

Tradição: Vicente;


Idade Média:


a)  Literal: Rashi, Hugo de S. Vítor, Ricardo de S. Vítor e André de S. Vítor;


b)    Alegórico: Bernardo, Joaquim, Langton, Gregório, o Grande, Beda, o Venerável, Rabano Mauro e Alcuíno; e também Aquino, Nicolau e Wycliffe;



Reforma:


a)  Literal: Lutero, Melanchton, Calvino, Zwínglio, Tyndale e os anabatistas;


b)  Tradição: Concílio de Trento;


Pós-Reforma:


a)    Literal: Confissão de Westminster, F. Turrentin, John Wesley, J. A. Turretin, Cappell, Ernesti, Bengel e Wettstein;

b)  Racionalismo: Hobbes e Spinoza;


c)  Subjetivismo: Boehme, Spener e Francke;


Era Moderna:


a)  Literal: comentaristas exegéticos e eruditos evangélicos;


b)  Racionalismo: Jowett, Baur, Strauss, Welhausen, Harnack, Peré, Fosdick e

DeWolf;


c) Subjetivismo: Schleiermacher, Barth, Kierkegaard e Bultmann.



As Interpretações de Hoje


Conforme se vê, a interpretação passou por sérias mudanças quanto aos métodos a serem empregados. A princípio passou a ser utilizado o método literal; depois o método totalmente alegórico, que deixou o literal de lado; depois veio o método das tradições no qual a igreja predominou e não aceitou a opinião individual; surgiu então, o método racional que não aceitava nenhum tipo de idéia sobrenatural e também o subjetivo que descartava o objetivo.

O estudante de teologia que não entender e nem procurar saber como interpretar e quais os métodos existentes para a interpretação, ficará limitado a pegar um pouco de cada um desses métodos já utilizados no passado. O resultado que obterá, mostrará que a sua interpretação será uma "salada" ou uma forma de "resto de feira" de interpretação.

Em qualquer igreja de hoje, século XXI, encontra-se um tipo de interpretação que foi citado anteriormente. Da mesma forma há os que misturam as interpretações e fazem uma só. Mas o que é mais triste é que a maioria dos estudantes de teologia aceitam essas coisas e pregam-nas em suas igrejas como sendo o melhor método de interpretação existente.

Além de existir, hoje em dia, todo o tipo possível de interpretação que já foi visto, uma idéia é tida como ponto em comum. Esta é a platônica, pois todos crêem que há uma alma que se desprende do corpo e se une a alma de forma incorruptível no céu. Entretanto, apenas este ponto em comum não é o suficiente para ser aceito como o certo. É necessário que o estudante de teologia saiba como fazer uma interpretação de um texto, da melhor forma possível. Para isso é preciso utilizar os fatores históricos, culturais, gramaticais, textuais e outros que o texto apresente.


Brasileiro de Pedro canário ES atualmente moro em Cariacica casado com josely aranha,professor e monitor do Ibad,Bacharel em teologia

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