terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

PARTE 1 Hermeneutica



Hermenêutica

Preservando a Sã Doutrina
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APRESENTAÇÃO

 

HERMENÊUTICA

 

PRESERVANDO A SÃ DOUTRINA



Meu objetivo com esse material é contribuir com a capacitação dos cristãos, no uso das diversas ferramentas hermenêuticas, para interpretar a Bíblia de forma correta e consequentemente favorecer à aplicação dos conhecimentos adquiridos com vista a aprimorar seu serviço para o Reino de Deus.


O estudo da hermenêutica é imprescindível ao cristão em todas as eras, pois a sua falta nos púlpitos e nos devocionais tem gerado uma infinidade de interpretações, heresias e confusão no seio da igreja. Soa em nossos ouvidos a mesma exortação feita aos escribas pelo Senhor: “Errais por não conhecer as Escrituras...” (Mt 22.29). Podemos ler a Bíblia, porém não conhecer a mente de Deus Expressa na Bíblia.

O estudo da Hermenêutica é fundamental para o cristão que deseja se tornar um obreiro aprovado (2Tm 2.15), pois a interpretação bíblica é essencial para a compreensão e para o ensino correto da Bíblia. Certas pessoas "adulteram a palavra de Deus" intencionalmente. Por isso é necessário observar e entender o significado, compreender o sentido para a época, depois entender o que a mensagem bíblica quer dizer para os dias de hoje e aplicá-la.

Algumas igrejas defendem o livre exame e interpretação das Escrituras, porque cada indivíduo criado por Deus tem o direito de examinar a Bíblia e chegar às suas próprias conclusões sobre a mensagem. Entretanto, esta forma é perigosa, pois se esta interpretação for feita de qualquer forma, sem o uso das ferramentas hermenêuticas, pode-se chegar às mais incríveis e absurdas conclusões. Se todos derem a sua opinião sobre determinado assunto sem estudá-la corretamente, não chegarão a uma conclusão plausível, porque cada um terá uma opinião e assim poderá trazer sérias conseqüências para suas vidas.

Por isso que saber observar, interpretar, correlacionar e aplicar faz parte de um processo para chegar a uma boa interpretação Bíblica. A interpretação Bíblica é um meio que visa um fim, diz o Dr. Roy B. Zuck. Mas, estudar a Bíblia não é apenas ver o que ela diz e conhecer o seu significado. É preciso aplicá-la à vida, tornando assim, um processo completo.

Aprender a interpretar a Bíblia é muito importante, porque a interpretação afeta no modo de agir e de viver de quem a faz e a ouve.

Estudar a Bíblia, por estudar, não é o suficiente, é preciso utilizar a hermenêutica. Esta é essencial para a interpretação.





“E leram no livro, na lei de Deus; e declarando, e explicando o sentido,

faziam que, lendo, se entendesse.”

Ne 8.8


“E correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e disse: Entendes tu o que lês? E ele disse: Como poderei entender, se alguém não me ensinar?” At 8.30.31


Introdução



A palavra hermenêutica tem a sua origem no nome de Hermes, um deus da mitologia grega, que servia de mensageiro dos deuses transmitindo e interpretando suas comunicações aos afortunados ou desafortunados destinatários.

Entretanto a palavra hermenêutica é derivada do termo grego hermeneuo, ermneuw (que significa interpreto), traduzo. Platão foi o primeiro a empregar a palavra hermenêutica como termo técnico.

Hermenêutica é a arte de hermeneia, ermneia (interpretação), ou melhor, designa a teoria dessa arte.

Berkhof define a hermenêutica como a ciência que ensina os princípios, as leis e os métodos de interpretação; enquanto Virkler, a define tecnicamente, como a ciência e a arte da interpretação bíblica. Ela é considerada ciência porque tem normas, regras e estas podem ser classificadas num sistema ordenado. Também é considerada como arte porque a comunicação é flexível e, portanto, uma aplicação mecânica e rígida apenas, pode distorcer o verdadeiro sentido de uma comunicação. Por isso há necessidade de aprender as regras da hermenêutica, assim como, a arte de aplicá-las.

O estudo da hermenêutica tem o propósito de interpretar as produções literárias do passado. Sua tarefa especial é indicar o meio pelo qual possam ser removidas as diferenças entre o autor e os seus leitores, em qualquer época.

Ao utilizar a hermenêutica na interpretação da Bíblia, é preciso conhecer alguns problemas que serão enfrentados. Isso ocorre porque ela se relaciona diretamente com outras áreas do estudo Bíblico, entre esses estão: o cânon, as críticas textual e histórica, a exegese, as teologias sistemática e Bíblica.

Também há alguns problemas:


a)   Cronológico: está relacionado ao fato da Bíblia ter sido escrita há muito tempo atrás. O primeiro livro foi escrito aproximadamente há 3.400 anos e o último em torno de 2.000 anos;

b)   Geográfico: influencia pelo fato que a maioria dos leitores está longe demais de onde os fatos ocorreram. Sem contar que quase tudo mudou ou tudo realmente mudou;



                   c)  Cultural: a maior parte da cultura mudou, além de ser muito diferente a forma de pensar e agir hoje em dia;

d)   Lingüístico: como já se sabe, a Bíblia foi escrita nas línguas: hebraica, aramaica (Ed 4.8; 6.18; 7.12-26; Jr 10.11; e Dn 2.4 – 7.28) e grega. Estas contêm muitos detalhes importantes e ricos para um conhecimento mais detalhado em relação à Bíblia. Entretanto, foi por causa dessas línguas e das mudanças naturais, que surgiram os problemas em relação as interpretações textuais, conforme consta nos melhores manuscritos encontrados;

e)   Literário: as diferenças contidas nos estilos de escritos utilizados nos tempos bíblicos com os de hoje são enormes. Um bom exemplo é o fato do NT utilizar muitas parábolas, enquanto que no AT utiliza muitos provérbios e salmos, entre outros estilos.

O importante é que o estudante da Bíblia saiba que para estudá-la é preciso ter bom senso, paciência, disposição e dedicação ao analisar os textos.

Antes de começar a estudar a hermenêutica e suas técnicas é preciso lembrar que o livro a ser estudado é a Bíblia. Esta por sua vez é fruto da revelação de Deus ao homem. Então é necessário que haja uma compreensão do que significa revelação e quais os tipos que existem.

Revelação


As palavras “galah” do AT e “apokalípsis” do NT significam revelar, descobrir. Esta palavra no grego expressa o ato de puxar a cortina para que o auditório possa ver a atuação dos artistas na representação teatral. É como se Deus puxasse a cortina para que se veja o que está escondido, oculto. Portanto a revelação é a atividade divina através da qual Deus se torna conhecido.

Duas frases enfatizam a natureza verbal da revelação na Bíblia "Assim diz o Senhor" e "a Palavra de Deus".

Em I Samuel 2.27 encontra-se:


“Veio um homem de Deus a Eli, e lhe disse: Assim diz o Senhor: Não me revelei, na verdade, à casa de teu pai, estando eles ainda no Egito, sujeitos à casa de Faraó?”





E no livro de I Crônicas 17.3 encontra-se:


“Mas sucedeu, na mesma noite, que a palavra de Deus veio à Natã, dizendo: Vai e dize a Davi, meu servo: Assim diz o Senhor: Tu não me edificarás casa para eu habitar...”

Deus é espírito e não pode ser visto, por isso ele tomou a iniciativa de se revelar aos homens, tanto no passado, como ainda hoje. A revelação pode ser definida como a atividade de Deus em tornar-se conhecido pelo homem e uma conquista do homem em descobrir Deus.

Inspiração


Inspiração é o método de receber e interpretar a verdade revelada por Deus, por isso ela está intimamente ligada à revelação.

Weldon E. Viertel diz que a revelação pode ser transmitida oralmente ou relatada em forma de documentos. A atividade divina inspira e guia o homem em seu trabalho de interpretar e preservar a revelação.

A conclusão mais exata para a inspiração é que ela é a atividade divina em que o Espírito Santo guia as mentes dos homens selecionados e os tornam instrumentos de Deus a fim de comunicarem a revelação. Entretanto não ocorre de forma insensata.

Revelação e Inspiração


Tanto a revelação como a inspiração são frutos do Espírito Santo de Deus na vida do homem. Deus se revelou ao homem e a cada dia se revela. Esta revelação é feita pela forma natural, isto é, através da criação feita por Deus. Mas também pode ser especial, a saber, através da teofania, que significa a manifestação de Deus ao homem.

Sendo que a teofania, perfeita e mais completa, que a Bíblia relata é através de Jesus Cristo. Esta manifestação é tão completa que é considerada como sendo a própria perfeição.

A Bíblia também é uma forma de Deus se revelar ao homem ou pode-se afirmar que é uma das formas. Entretanto, o que o estudante da Bíblia precisa saber é que Deus além de se manifestar ao homem pela forma natural ou especial, também utiliza o Espírito Santo para que haja uma boa compreensão. Pois só o Espírito Santo pode revelar Deus ao homem.

Da mesma forma, o Espírito Santo inspirou os homens para escreverem as

Escrituras, conforme consta em II Timóteo 3.16:


“Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça;“

Ele também os capacitou para interpretá-la e compreendê-la, conforme consta em I Coríntios 2.14,15:

“Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, enquanto ele por ninguém é discernido.”

Conclusão

Uma coisa precisa ser muito bem esclarecida. O estudante de teologia não é o único que está tentando interpretar a Bíblia, isto vem ocorrendo há muito tempo. Por isso é necessário ter uma visão panorâmica da história da interpretação bíblica ocorrida no decorrer dos anos. Através deste ponto de vista o estudante entenderá melhor os métodos e os princípios de interpretação. Também não cometerá os mesmos erros, podendo partir de um ponto já visto ou, até mesmo, pular um erro e procurar uma melhor forma de interpretar. O adágio de Santayana diz que "aquele que não aprende a lição da história está fadado a repeti-la". Então, para uma melhor compreensão do panorama histórico, é preciso ver alguns tipos de interpretação ao decorrer dos anos.



PROFESSOR:Cleverson Alves Silva
Bacharel em teologia

















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