sábado, 15 de abril de 2017

AS TRÊS CRUZES E SUAS LIÇÕES


AS TRÊS CRUZES E SUAS LIÇÕES


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33 Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram, bem como aos malfeitores, um à direita, outro à esquerda.
34 Contudo, Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. Então, repartindo as vestes dele, lançaram sortes.
35 O povo estava ali e a tudo observava. Também as autoridades zombavam e diziam: Salvou os outros; a si mesmo se salve, se é, de fato, o Cristo de Deus, o escolhido.
36 Igualmente os soldados o escarneciam e, aproximando-se, trouxeram-lhe vinagre, dizendo:
37 Se tu és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo.
38 Também sobre ele estava esta epígrafe em letras gregas, romanas e hebraicas: ESTE É O REI DOS JUDEUS.
39 Um dos malfeitores crucificados blasfemava contra ele, dizendo: Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também.
40 Respondendo-lhe, porém, o outro, repreendeu-o, dizendo: Nem ao menos temes a Deus, estando sob igual sentença?
41 Nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas este nenhum mal fez.
42 E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino.
43 Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso (Lc 23.33-43).

Introdução

Quando viajamos pelas estradas, constantemente vemos cruzes fixadas as beiras das rodovias. Elas nos alertam e nos falam que alguém morreu naquele local em algum acidente. Cruz lembra morte e hoje vamos conversar sobre as três cruzes do Calvário.

Depois de enfrentar um julgamento injusto, de ser maltratado pelos soldados, subjugado pelas autoridades, sempre acompanhado por aquela multidão que contemplou seus milagres e suas curas, Jesus chega ao monte chamado Calvário e ali o crucificam com mais duas pessoas. A cena do Calvário tinha três cruzes: do lado direto um ladrão, no meio Jesus e do lado esquerdo outro ladrão.
Parece que a multidão não estava muito preocupada com os dois criminosos. Eles eram apenas ladrões e haviam cometido delitos e mereciam pagar o preço de seus atos. As atenções, no entanto, estavam voltadas à cruz do centro, ao homem chamado Jesus que era o protagonista daquela cena, tanto é que Ele foi crucificado no centro. O fato é que havia ali naquele lugar três cruzes. O que elas podem significar?

1 – A CRUZ DA DIREITA: A CRUZ DA INCREDULIDADE

As palavras daquele homem, crucificado a direita de Jesus, não eram palavras consoladoras e nem palavras de arrependimento, muito menos palavras de exaltação e reconhecimento àquele que estava ao seu lado, pois dizia:

 39 Um dos malfeitores crucificados blasfemava contra ele, dizendo: Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também.

Aquele ladrão estava vivendo uma situação irreversível. Estava pregado em uma cruz esperando a chegada da morte que era iminente. Ele não queria salvar a sua alma, queria tão somente salvar o seu corpo daquela cruz, algo que somente aconteceria por um milagre. Aquele homem, naquele momento de sua vida, ainda estava agindo com incredulidade.
A incredulidade sempre descobre impossibilidades porque sempre olha para as circunstâncias, para os obstáculos e não para Deus. Aquele homem estava apenas olhando para a situação de crucificado e pensando em uma forma de se safar daquela situação. Ele olhou para Jesus como o Cristo, mas não o Cristo que salva a alma do inferno, não o Cristo que ama os pecadores e por causa desse amor estava ali, mas ele olha para Jesus como o Cristo que poderia apenas tirá-lo daquela cruz. Ele foi totalmente incrédulo até o fim de sua vida.
Jesus não lhe deu qualquer resposta. Deus não age diante da incredulidade. Ele nem dá respostas a ela. E temos um exemplo disso que é a cidade de Nazaré, a cidade em que Jesus Cristo viveu:

1 Tendo Jesus partido dali, foi para a sua terra, e os seus discípulos o acompanharam.
2 Chegando o sábado, passou a ensinar na sinagoga; e muitos, ouvindo-o, se maravilhavam, dizendo: Donde vêm a este estas coisas? Que sabedoria é esta que lhe foi dada? E como se fazem tais maravilhas por suas mãos?
3 Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e Simão? E não vivem aqui entre nós suas irmãs? E escandalizavam-se nele (Mc 6.1-3).

No contexto desta passagem Jesus operou milagres maravilhosos. Ele expulsou uma legião de demônios de um endemoninhado. Uma mulher foi curada instantaneamente de uma hemorragia que a assolara por anos. Uma garota de doze anos, a filha de um governante judeu, ressuscitou dos mortos. Ao operar tais milagres, Jesus disse àqueles a quem libertou: A tua fé te salvou.
E nesta passagem Jesus vai à Sua cidade, Nazaré, onde Ele viveu os primeiros trinta anos de Sua vida. Jesus volta à Sua terra para estar no meio da Sua própria gente, incluindo a Sua própria família, mas encontra ali o pior tipo de incredulidade. Ele é completamente rejeitado pelos seus concidadãos. E por causa desta incredulidade Jesus pouco fez diante daquele povo:

5 Não pôde fazer ali nenhum milagre, senão curar uns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos.
6 Admirou-se da incredulidade deles. Contudo, percorria as aldeias circunvizinhas, a ensinar (Mc 6.5-6).

A fama de Jesus com certeza já havia chegado em Nazaré. O povo de Nazaré certamente ouvira a respeito dos grandiosos milagres de Jesus. Com certeza tinham ouvido as histórias maravilhosas dos milagres de suas mãos. Entretanto, para eles, tais coisas aconteceram em outras cidades, em outros locais, em outras comunidades, e não em Nazaré, afinal, Ele viverá por trinta anos ali e nunca havia acontecido nada, porque Jesus era um cidadão comum em Nazaré. E qual é o resultado diante da incredulidade daquelas pessoas? Jesus retém o Seu poder! Deus não age diante da incredulidade!

A – É a cruz da rejeição

A cruz da incredulidade é a cruz da rejeição. Na cruz da direita estão representados todos aqueles que rejeitam a salvação providenciada por Deus através do sacrifício de seu Filho Unigênito. Na cruz da incredulidade estão aqueles que não querem assumir compromisso com Deus e por causa disso o rejeita, na cruz da incredulidade estão aqueles que querem ser salvos pelos seus próprios meios, seguindo seus próprios caminhos, sem terem de abrir mão de nada, na cruz da incredulidade estão aqueles que querem ir para o céu, mas sem mudança de vida.
Jesus sabe o que é a dor da rejeição. Podemos notar isso quando lemos a sua lamentação sobre Jerusalém:
34 Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir teus filhos como a galinha ajunta os do seu próprio ninho debaixo das asas, e vós não o quisestes (Lc 13.34)!
Mas essa rejeição não aconteceu somente em Jerusalém. Jesus foi desprezado e rejeitado pelos homens. Ele sabe o que é isso já desde antes de seu nascimento em Belém, pois assim dizia a profecia a Seu respeito:
3 Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso (Is 53.3).
Nós rejeitamos a Deus quando recusamos a Sua oferta de salvação. Jesus estava morrendo por causa do pecado daquela multidão, mas eles estavam dizendo não ao sacrifício de Cristo, e aquele ladrão estava sendo mais um daqueles que rejeitaram a Cristo. E a Bíblia diz que qualquer pessoa que rejeita a Deus é um tolo.
A parte mais triste da história desse ladrão que estava crucificado ao lado de Jesus, é que ele se perdeu tendo a salvação bem ao seu lado. Ele estava tão perto de Jesus e da Salvação, mas ainda assim, partiu desta vida totalmente perdido por causa da incredulidade de seu coração.
Esta também é a situação de muitas pessoas que vivem no meio do Evangelho. Frequentam as igrejas, ouvem a Palavra de Deus nos cultos, mas não tomam uma decisão séria de seguir a Cristo, não tem uma entrega total a Cristo, sempre deixam reservas e isso também é uma forma de rejeição.

B – É a cruz da zombaria

A cruz da incredulidade é a cruz da zombaria. Aquela cruz representa a arrogância de toda a humanidade. Apesar de estar numa situação extrema, de iminente morte, aquele homem juntava o que restava de suas forças para desafiar o Filho de Deus. Naquela cruz estão aqueles como as autoridades que diziam:

35 ... Salvou os outros; a si mesmo se salve, se é, de fato, o Cristo de Deus, o escolhido.
Lá também estão outros, como os soldados, que diziam:
37 Se tu és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo.
Também estão lá aqueles como um dos ladrões que dizia:
39 ... Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também.

Jesus Cristo sofreu muitos escárnios, risos, muitas caçoadas e teve muito tratamento insolente contra Ele durante o seu ministério na terra. Os discípulos de Jesus Cristo também foram zombados. E Jesus nos advertiu que também o seríamos, mas fez uma linda declaração sobre isso:

11 Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós (Mt 5.11).

Jesus Cristo sabia desde o início que teria de enfrentar os escárnios e que isso culminaria em Sua morte. Mas, Ele reconhecia que todos os escárnios que recebia eram dirigidos, na verdade, contra o Senhor, a quem Ele representava. E a Bíblia faz uma severa advertência a respeito disso:
7 Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará (Gl 6.7).
E também diz:
10 Porque, se meu pai e minha mãe me desampararem, o SENHOR me acolherá (Sl 27.10).

Todos aqueles que zombam da salvação de Deus estão representados nesta cruz. Todos aqueles que zombam dos filhos de Deus e da santidade deles estão representados nesta cruz. Todos aqueles que zombam do poder de Deus, da Sua vontade Soberana e de Seu domínio sobre todas as coisas estão representados nesta cruz, a cruz da incredulidade, a cruz da zombaria.

C – É a cruz daqueles que não aproveitam as oportunidades

Na cruz da incredulidade estão aqueles que deixam as oportunidades passarem porque acham cedo demais para se envolverem com Deus, são aqueles que deixam para se decidirem depois, que deixam para amanhã o primordial, o essencial para suas vidas de pecados.
Lá no Calvário, havia um homem pendurado em uma cruz, ao lado de Jesus, que morria sem fé, que morria sem esperança e que morria sem aceitar a salvação de Deus. Aquele homem, por não tomar a decisão correta, morria perdido em seus pecados, morria sem receber o perdão, e por isso ele estava perdido para sempre, porque ele estava deixando passar a sua última oportunidade.
O fato é que este homem tivera a mesma oportunidade que o daquele que esta a esquerda de Jesus, mas ele não a aproveitou, e morreu completamente perdido sem alcançar a salvação de sua alma. Ele estava interessado apenas na salvação de seu corpo. Eles não estavam somente em lados opostos de Jesus, mas estavam também com atitudes opostas.
Talvez aquele ladrão não tenha suportado a verdade, porque a cruz da incredulidade é daqueles que não suportam a verdade. Talvez, mesmo no sofrimento que estava passando, ele não quisesse deixar o caminho largo, o caminho do pecado, e passar pelo caminho estreito, porque a cruz da incredulidade é daqueles que andam pelo caminho largo do pecado e dos prazeres deste mundo. Aquele homem queria descer daquela cruz para continuar a fazer o que fazia antes: roubar. E qual é o fim daqueles que estão naquela cruz?

8 Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte (Ap 21.8).

Esta é a parte mais triste de tudo isso. Um fim trágico de perdição eterna, sem Deus, sem salvação, sem o gozo da vida eterna, fora dos portais do céu com Cristo. Tem muita gente boa neste mundo com atitudes iguais ao ladrão daquela cruz, sem arrependimento, não obstante estar no fundo do poço, mas preferem continuar cavando e se afundando cada vez mais em seus pecados ao invés de se arrependerem e se converterem a Cristo. A incredulidade também é pecado, e é o mais horrível de todos os pecados.

2 – A CRUZ DA ESQUERDA: A CRUZ DA FÉ

À esquerda havia outra cruz com outro homem, outro ladrão, mas com outra atitude, não de rejeição, não de zombaria, mas de alguém que percebeu que a sua última oportunidade estava passando e ele resolveu não perdê-la. Aquele homem dizia:

40 Respondendo-lhe, porém, o outro, repreendeu-o, dizendo: Nem ao menos temes a Deus, estando sob igual sentença?
41 Nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas este nenhum mal fez.
42 E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino.

Aquele homem reconheceu o que as autoridades do povo não reconheceram: a inocência de Jesus. Pilatos havia visto a mesma coisa em Jesus, mas não tomou a atitude que aquele ladrão tomou. Enquanto as horas passavam, aquele ladrão, pendurado naquela cruz, procurou sair do tempo e avançar rumo à eternidade.

A – É a cruz do arrependimento

A cruz da fé é a cruz do arrependimento. O que é arrependimento? Arrepender significa mudar de ideia. Arrependimento verdadeiro resulta em uma mudança de comportamento. Uma definição bíblica e completa de arrependimento é: mudança de convicção sobre algo que resulta em mudança de comportamento.
Arrepender-se, em relação à salvação, é mudar sua convicção sobre Jesus Cristo. Pedro, logo após o Pentecostes, está convidando as pessoas que rejeitaram a Jesus a mudarem seus pensamentos sobre Ele e reconhecerem que realmente Ele é o Senhor e Cristo:

36 Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo (At 2.36).

Pedro está convidando as pessoas a transformarem suas mentes deixando para trás a sua rejeição a Cristo como o Messias e passar a ter fé Nele como Messias e Salvador. E como isso deveria acontecer?

38 Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo (At 2.38).

Através do arrependimento. É impossível colocar nossa fé em Jesus Cristo como Salvador sem primeiro mudarmos nossa convicção sobre quem Ele é e o que Ele tem feito. Aquele ladrão mudou. Se ele não tivesse passado pelo arrependimento com certeza estava tendo a mesma atitude do outro, e ele seria apenas mais um dos incrédulos, mais um dos que zombavam.
Mas agora, naquela situação, aquele ladrão não temia mais os juízes deste mundo e nem o povo. Ele estava preso, crucificado, não podia fazer nada a não ser pensar e falar. Naquelas horas de sofrimento ele se arrependeu e o que quer que ele antes pensasse de Jesus, agora ele o vê como o Cordeiro de Deus e teve um pulsar da fé diante da Pessoa do Senhor Jesus, e espontaneamente clamou:

42 ... Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino.
Imagine como estas palavras devem ter tocado o coração de Jesus. Em meio a tanta zombaria e rejeição, diante de tanto escárnio e irreverência, alguém o chama de Senhor e busca a Sua salvação, a salvação de sua alma e não de seu corpo. Agora sim merecia uma resposta e Jesus a dá com todo o Seu amor que tem pelo pecador.

43 Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.
Esta era a última oportunidade de arrependimento para aquele homem e ele não a perdeu, não adiou a sua decisão. Ele se sentia perdido e desesperadamente só, abandonado por todos. Então teve a certeza de que aquele que estava ao seu lado era o Messias, o Salvador do Mundo, a sua última esperança. Ele se arrependeu e creu em Jesus. Mas há algo mais que precisa ser feito além do arrependimento.

B – É a cruz da confissão

A cruz da fé é a cruz da confissão. Aquele homem não somente se arrependeu como também confessou os seus pecados. Impressionado com a postura, com o equilíbrio e com o controle de Jesus mesmo sentindo tanta dor, e ao ver seu colega zombar dele, não suportou o peso da consciência e disse:

41 Nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas este nenhum mal fez.

Aquele ladrão teve a atitude correta diante de Cristo: sentir-se culpado e perdido diante de Deus. Aquele homem raciocinou sobre sua vida de pecado e chegou à conclusão de que merecia a pena que recebera. Ele aceitava e reconhecia a pena de seus crimes, mas não estava preparado para a morte. E para se preparar para a morte, a qual estava iminente naquela hora, além de arrepender-se, ele confessou os seus pecados. Devemos confessar os nossos pecados a Deus para recebermos o perdão. A Bíblia diz:

8 Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós.
9 Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça (1 Jo 1.9).

A confissão aqui é feita pelo cristão ao Pai, com ajuda do Advogado Jesus Cristo. Alguns pecados não precisam ser confessados a outros homens, mas todos precisam ser confessados ao Senhor para receber o perdão dele.
Aquele homem não podia ir à sinagoga para confessar os seus pecados, não podia procurar aqueles de quem furtara para pedir perdão. Não podia ser batizado. Nada podia fazer senão exercer a fé, e fé em Deus. E isto ele fez, e graças a esta atitude ele foi salvo.

C – É a cruz da esperança

A cruz da fé é a cruz da esperança. O ladrão esperou ansioso por uma resposta que veio imediatamente após a sua decisão. Jesus não responde a incredulidade, mas responde imediatamente à fé. Jesus lhe respondeu:

43 ... Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.

E em função de ter crido, o ladrão convertido recebeu a certeza da vida eterna. Naqueles últimos momentos de sua vida ele recebeu o perdão de todos os seus pecados e a certeza da salvação. Se há uma pessoa sobre a qual podemos ter certeza de seu destino eterno é o ladrão arrependido, porque foi o próprio Jesus quem sentenciou a seu respeito. Aquele ladrão entendeu o amor de Deus, conforme João nos revela quando diz:

16 Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16).

Aquele que estava na cruz da fé entendeu a missão daquele que estava na cruz do centro, conforme as próprias palavras de Jesus quando disse:

32 E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo (Jo 12.32).

Naquele momento, o sacrifício de Cristo não atraiu os soldados, não atraiu as autoridades, não atraiu o povo, não atraiu aquele que estava a sua direita, mas atraiu aquele ladrão pecador que estava ao seu lado esquerdo, pois aquele que estava na cruz da fé sentiu-se atraído pelo amor de Jesus. Aquele que estava na cruz da fé reconheceu sua culpa e sua insuficiência, conforme as palavras de Paulo quando diz:

23 pois todos pecaram e carecem da glória de Deus (Rm 3.23).

Pelo fato de sermos descendentes de Adão o pecado faz parte da nossa natureza, faz parte da essência do ser humano porque já nascemos com ele. A Bíblia diz que através de Adão entrou o pecado no mundo. Então todos os descendentes de Adão já nascem com o pecado em si.
Quando Jesus veio como homem a este mundo, Ele assumiu o nosso lugar debaixo do juízo divino. Deus tratou Jesus Cristo, ali na cruz do Calvário, da maneira exata como nosso pecado merecia ser tratado. Basta que você se arrependa, confesse os seus pecados e creia em Jesus como Salvador da sua vida, para ser perdoado e ter a vida eterna. A cruz da esquerda representa a todos aqueles que têm fé em Jesus Cristo.

3 – A CRUZ DO CENTRO: A CRUZ DA SALVAÇÂO

A palavra cruz se refere à doutrina de que Cristo morreu pelos pecadores sobre a cruz e a cruz aponta para Cristo como o único Salvador dos homens. Esta é a cruz do centro, a cruz da salvação.
Ao mesmo tempo em que a cruz revela a malignidade do coração humano, ela também revela a bondade, a misericórdia e o amor de Deus de uma maneira que nenhuma outra coisa seria capaz de fazê-lo.

A – A cruz do Cordeiro de Deus

A cruz do centro era a cruz exclusiva do Cordeiro de Deus. Na cruz central, Jesus Cristo, o Homem perfeito, oferecia um sacrifício perfeito para redimir a todos os pecadores que forem até Ele. Aquela cruz, a cruz do centro, não poderia ser de outro a não ser de Jesus, o Unigênito de Deus. Somente Ele poderia ocupar aquele lugar. Quando João Batista viu a Jesus pela primeira vez disse:

29 No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (Jo 1.29)!

E a profecia sobre o a vinda do Messias dizia:
7 Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca (Is 53.7).

E a cruz de Cristo é o símbolo de Sua submissão ao Pai:

8 a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz (Fp 2.8).

O cordeiro tem chamado a atenção por sua natureza mansa. E em seu espírito de humildade, Jesus personifica o cordeiro. Esta mansidão, esta humildade deve ter chamado a atenção do ladrão à esquerda e o levou a crer em Jesus. O mesmo deve ter percebido o da direita, mas isto o levou a zombar de Cristo. Não concebia em sua mente um inocente morrer tão quieto e tão calado.

B – A cruz da substituição

Quem estava na cruz do centro estava substituindo a mim e a você. Por que Jesus? Por que Ele teve que morrer? Quem deveria estar lá era eu, era você, era somente aqueles dois ladrões. Mas nenhum outro poderia nos substituir a não ser Jesus. A Bíblia diz que:

21 Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus (2 Cor 5.21).
22 Com efeito, quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e, sem derramamento de sangue, não há remissão (Hb 9.22).

No tempo da Lei de Moisés, toda vez que alguém pecava, tinha que derramar o sangue de um animal inocente e oferecer o sacrifício desse animal a Deus, para que o pecado dessa pessoa fosse remido, isto é, fosse perdoado por Deus. O animal sacrificado tinha que ser totalmente perfeito, sem nenhuma mancha, sem nenhum defeito. O autor do livro de Hebreus, ao falar sobre este assunto, diz:

13 Portanto, se o sangue de bodes e de touros e a cinza de uma novilha, aspergidos sobre os contaminados, os santificam, quanto à purificação da carne,
14 muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo (Hb 9.13,14)!

Deus enviou seu Filho ao mundo para oferecê-lo como sacrifício perfeito, em substituição a todos os sacrifícios que teriam que ser feitos. Jesus morreu para simplificar as coisas para o homem. Ele morreu para acabar com a matança de animais. Ele morreu para que houvesse condição igual para todos os homens se salvarem.
Deus, na cruz, não só teve de impor todas as nossas transgressões sobre aquele que não conheceu pecado, mas também, devido ao nosso estado corrompido, teve de considerá-lo pecado. Ele se fez pecado por nós. Isto significa que, na cruz, Deus contemplou, e por isso julgou o seu Amado Filho, como nosso Fiador e Intercessor, que pagaria por nossas más obras e por nossa má natureza. Foi por nós, pelo que fizemos e pelo que somos em nós mesmos, que morreu o Santo e Justo Jesus Cristo.
Nenhuma outra coisa teria satisfeito o coração de Deus. Aquela cruz não podia ser de outra pessoa que não fosse o Senhor Jesus. A mãe de Jesus não poderia ocupá-la, nenhum irmão de Jesus poderia ocupá-la, nenhum discípulo de Jesus poderia ocupá-la, mas tão somente o Cordeiro de Deus, Jesus Cristo.
Isso porque fora somente Jesus quem sofreu todas as dores, todas as agonias, as angústias, a tortura, a condenação injusta e todo tipo de humilhação. Foi Jesus quem sofreu as bofetadas dos soldados romanos, sua zombaria colocando uma coroa de espinhos em sua cabeça e até a execução entre dois malfeitores.

 C – É a cruz da justificação

A cruz do centro é a cruz da justificação dos pecadores. Na cruz do centro, Jesus Cristo, com seus braços abertos, abraçava aos pecadores em um gesto de convite, amor e salvação. Jesus Cristo morria para pagar o preço dos nossos pecados e nos tornar justos diante de Deus. É a cruz da justificação e da restauração.
Ele se tornou o elo entre Deus e os homens. O pecado trouxera a separação, a ruína e a morte. Jesus Cristo restabeleceu a ligação entre o céu e a terra, fazendo com que o homem e o seu Deus pudessem estar reconciliados e unidos novamente.
Quando buscamos a salvação pelos nossos próprios esforços, quando achamos que podemos dar uma mãozinha pra Deus, estamos nos colocando no lugar de Jesus naquela cruz que só pertence a Ele.
E quando negamos a salvação única em Jesus e a procuramos em outra pessoa que não seja Ele, estamos colocando esta pessoa no lugar de Jesus naquela cruz que só pertence a Ele. Se assim fizermos morreremos em nossos pecados, porque a Bíblia diz que:

23 ... o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm 6.23).

Na cruz central, Jesus Cristo morria como oferta pelo pecado. Na cruz da esquerda, um ladrão morria para o pecado. E na cruz da direita, outro ladrão morria, mas em seus pecados.
Conclusão
No Calvário, onde havia três cruzes, em duas delas dois homens lutavam em seu interior. Um aceitou a salvação, entregando-se a Jesus. Outro, por sua vez, rejeitou a Cristo e perdeu a Salvação que lhe era oferecida. Aceite Jesus agora. Você não sabe se terá outra chance de fazer isso. Amanhã pode ser tarde demais.
Cada um de nós é colocado hoje numa posição de escolha: ou aceitamos a salvação que nos é oferecida em Cristo ou rejeitamos este oferecimento. Tudo depende de nossa escolha, e sobre nós repousam as consequências desta escolha, a vida eterna ou a perdição eterna.
Que Deus nos ajude a escolhermos a Cristo agora mesmo para podermos herdar a vida eterna, porque ainda é tempo de salvação, Jesus ainda não fechou a porta da Sua Igreja e todos são bem vindos, todos podem ser salvos, basta apenas a decisão pessoal de cada um.
Nunca foi tão urgente tomarmos esta decisão. Se observarmos os acontecimentos atuais à luz da Bíblia, vamos entender claramente que Jesus está às portas. O mundo está em confusão, o mundo está em guerras, o mundo está em desequilíbrio ecológico. Também a fome é realidade em grande parte do mundo. A violência tem imperado veementemente, o homem está cada vez mais afastado de Deus, a falta de amor entre as pessoas é crescente, a apostasia está em alta, está na moda, e muito outros fatores que presenciamos cada dia mostram que estamos próximos do fim. Podemos ter a certeza de que o próximo acontecimento será a volta gloriosa de Jesus para buscar a sua Igreja. Em breve ouviremos o toque da última trombeta, e veremos o sinal do Filho do Homem vindo nas nuvens do céu com poder e grande glória. Este será o acontecimento que todos devemos aguardar. Para que esse dia seja glorioso e de alegria, e não de horror, é imprescindível estarmos preparados, revestidos das armas da luz, como diz a Palavra de Deus, com as nossas lâmpadas bem acesas. Então, poderemos estufar o peito e dizer: Maranata! Vem, Senhor Jesus! A cruz de Cristo quer hoje salvar a sua vida! Que Deus te abençoe! Amém!


A PISCINA E A CRUZ è Conta-se que um excelente nadador tinha o costume de correr até a água e molhar somente o dedão do pé antes de qualquer mergulho. Alguém intrigado com aquele comportamento lhe perguntou qual a razão daquele hábito. O nadador sorriu e respondeu:

Há alguns anos, numa certa noite perdi o sono e fui à piscina para nadar um pouco. Não acendi a luz, pois a lua brilhava muito. Quando eu estava no trampolim, vi minha sombra numa parede à minha frente. Com os braços abertos, minha imagem formava uma magnífica cruz. Em vez de saltar, fiquei ali parado, contemplando aquela bela imagem. Nesse momento pensei na cruz de Cristo e em seu significado. Eu não era um cristão, mas quando era criança aprendi que Jesus tinha morrido para nos salvar. Sentei-me no trampolim, enquanto aqueles ensinamentos vinham-me à mente. Não sei quanto tempo fiquei ali parado, mas, ao final, eu estava em paz com Deus. Desci do trampolim e resolvi apenas tomar um gostoso banho, quando, para meu assombro, descobri que haviam esvaziado a piscina naquela tarde. Naquela noite a cruz de Cristo salvou-me duas vezes: da morte física e da morte espiritual. Por isso molho o dedão do pé antes de saltar.

O verdadeiro sentido da Páscoa

  PÁSCOA 

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 Tema: O verdadeiro sentido da Páscoa


INTRODUÇÃO:  Não existe este vocábulo na língua portuguesa; entrou na língua por efeito da linguagem litúrgica da Igreja Católica.
È de origem grega, que por, sua vez, foi tirado do verbo hebraico PASOH que quer dizer “Passar além, passar por cima”.
No hebraico, a palavra descreve a passagem do anjo da morte, quando seriam mortos todos os primogênitos do Egito e poupados os dos israelitas.

I – A PÁSCOA PARA ISRAEL

a) INSTITUIÇÃO – Foi instituída no Egito para comemorar o acontecimento culminante da redenção de Israel. Ex. 12: 14.

b) ELEMENTOS DA PÁSCOA

CORDEIRO – Representavam o preço da redenção e libertação de Israel do Egito; o sacrifício.

OS PÃES AMOS – Revelavam a pressa com que abandonariam a terra do Egito. A farinha amassada sem ter recebido o fermento, por falta de tempo.

ERVAS AMARGAS – Ou alface agreste, recordavam a opressão do Egito, a amargura do cativeiro, além de dar melhor sabor á carne do cordeiro.

SANGUE – Representa a expiação.

c) RITUAL DA CELEBRAÇÃO DA PÁSCOA
Deveriam tomar para si o Cordeiro. Ex.12.3
A família deveria participar e comer todo o cordeiro. Caso a família fosse pequena, deveria juntar-se a outra vizinha. Ex.12.4
O Cordeiro seria sem mácula de um ano de idade e primogênito.
Deveria ser assado inteiro e comido com pães asmos e ervas amargas. Ex. 12.8.

d) SÍMBOLO NEOTESTAMENTÁRIO

O Cordeiro – Simboliza Cristo, a libertação do pecado – Jo.1.36. João afirmou: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”.
Era sem defeito – Ex.125; I Pe. 1.18-19.
Foi sacrificado, no entanto seus ossos não foram quebrados. Ex. 12.46; Sl. 34.20; Jo. 19.36.
O sangue foi derramado para a expiação dos pecados: era o penhor da salvação. Ex. 12.13; I Jo. 1.7
Foi comido na páscoa. Mat. 26.26

Os pães asmos – Simbolizam pureza. O pão deveria ser sem fermento.
A proibição baseava-se em que o fermento é um agente de decomposição e servia de símbolo da corrupção moral, e também de doutrinas falsas. Mt.16.11; Mc.8.15.
Na nossa comunhão com Cristo não pode haver impureza.
A ausência do fermento simboliza a santidade de vida que no serviço de Deus.

Ervas amargas – simbolizavam a amargura que o cordeiro iria passar e a amargura das almas humanas por causa do pecado. Hoje, todas as vezes que celebramos a Ceia do Senhor, relembramos o grande feito da nossa redenção feita não por Cordeiro, não mais por um cativeiro físico, mas pelo próprio filho de Deus.
“Podemos dizer que o Egito foi o Calvário da nação hebraica, como o Calvário de Jerusalém foi o nosso Calvário”.

Sangue – A garantia do perdão – “sem derramamento de sangue não há remissão de pecados”, Heb. 9.22. O Sangue de Jesus Cristo, seu filho, nos purifica de todo o pecado. I Jo. 1.7. O pecado do homem foi coberto pelo sangue propiciatório do cordeiro de Deus.

II – A PÁSCOA NOS NOSSOS DIAS E OS SEUS SÍMBOLOS

a) INSTITUÇÃO – A festividade da páscoa foi fixada pelo Concílio de Nicéia em 325 d.C..É uma festa anual da Igreja Católico Romana, comemora a ressurreição de Cristo.

b) OS SÍMBOLOS

O coelho – Substituíram o cordeiro período pelo coelho, como símbolo de fecundidade (chegando até produzir aproximadamente cento e dez filhotes por ano). Apareceu por volta de 1915, na França. A sua cor e sua rapidez contribuíram para o seu lugar na simbologia. Dizem mais que ele representa a morte e a ressurreição de Cristo pelo fato de alguns que habitam em lugares frios e nevados hibernam e só saem da caverna quando chegam à primavera. Sabemos que não podemos aceitar tamanha aberração, pois em toda a Bíblia encontramos o Cordeiro e não o coelho como símbolo de Cristo.

O ovo – O ovo significando começo, origem de tudo. Quando incubado, dele sai vida, porque nele está contido a vida. Em Cristo não está contido a vida, Ele é a própria vida. João 11.25.
Está presente na mitologia antiga, nas religiões do oriente, nas tradições populares e numa grande parte da Cristandade. Na idade média os europeus adotaram o costume chinês de enfeitar o ovo. Em 1928 surgiram os ovos de chocolate que industrializaram em larga escala.
No século XVIII a Igreja Católica Romana adotou oficialmente o ovo como símbolo da ressurreição de Cristo.

O peixe – É símbolo de Cristianismo. Dizem que no passado quando os cristãos se reuniam, faziam desenho de um peixe. Na semana santa, não comem carne, por causa do corpo de Cristo e substituíram a carne por peixe, mas na páscoa judaica comiam cordeiro.
Estes símbolos modernos são uma mistura de mitologia pagã com a simbologia cristã paganizada.

III – A PÁSCOA PARA OS EVANGÉLICOS
Para os evangélicos, a Páscoa tem apenas valor histórico e figurativo. O que tem sentido e valor para nós é a Ceia do Senhor, pois Jesus quando comeu a última páscoa com seus apóstolos antes do sofrimento, deu um caráter todo especial ao acontecimento. Lc. 22.15. Ele estava instituindo a Ceia que, para nós, os cristãos, substituía a páscoa – Lc. 22.15-20.
A Páscoa Bíblica, portanto, consumou-se em Cristo, que a instituiu como um novo memorial – a sua Ceia, na qual o crente comemora a morte do Senhor até que Ele venha. Não há no Novo Testamento mais lugar para a páscoa ou outras festividades mosaicas, as quais foram abolidas na cruz, juntamente com outras ordenanças, como sombras das coisas futuras, espirituais, pertencentes à dispensação da graça.

CONCLUSÃO
O apóstolo Paulo nos adverte em sua I carta a Timóteo, 4. 1-3. Não envolvemos com tais tradições mas, nós que provamos do novo nascimento, que tornou-se real com o sacrifício do filho de Deus, o verdadeiro Cordeiro pascoal, recordemos-nos do Calvário constantemente independente de uma data fixada no calendário anual. Temos em nós esse Cristo ressurreto. Aleluia

quarta-feira, 5 de abril de 2017

A DOUTRINA DE DEUS

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A Doutrina de Deus

Parte I

Deus é uma pessoa

I. DEUS EXISTE!
"...há um só Deus, o Pai..." (1 Co 8.6)
A existência de Deus é um fato incontestável. 
A Bíblia não se preocupa em provar a existência de Deus, mas começa o seu primeiro versículo falando de Deus, como a principal personagem em todo o Universo:
 "No princípio criou Deus os céus e a terra" (Gn 1.1). Deus existe desde a eternidade. Ele é a origem de tudo e tudo governa e sustenta. Uma conseqüência do pecado é que o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que não vejam a glória de Deus (2 Co 4.4), Nesta sua cegueira espiritual, os homens se fizeram deuses e senhores. A Bíblia afirma: "...há muitos deuses e muitos senhores" (1 Co 8.5b).
Porém, no meio destes deuses que estão espalhados sobre o vasto campo deste mundo, como pedrinhas de todo tamanho, ergue-se o Deus Verdadeiro como uma grande colina que se distingue dessas pedrinhas pela
sua incomparável grandeza. A Bíblia diz: "...Ele é o único Deus" (Dt 6.4b), e "fora dele não há outro" (Dt 4.35b; Is 42.8a; 44.6b,8b). "Verdadeiramente só o Senhor é Deus" (1 Rs 18.39b).
É por isto uma necessidade conhecê-lo e prosseguir em conhecer ao Senhor (Os 4.6). 
A Bíblia diz: "É necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe" (Hb 11.6). 
Os que crêem em Deus e o buscam legitimamente experimentarão: Ele é galardoador dos que o buscam (Hb11.6).


II. EVIDÊNCIAS QUE PROVAM A EXISTÊNCIA DE DEUS
 O inimigo das nossas almas tem procurado completar a desgraça que o pecado causou, fazendo com que os homens chegassem ao ponto de negar a existência de Deus. Negar a Deus é tolice — tanto como alguém
querer negar a existência do sol, porque não o vê, por estar encoberto por nuvens. A Bíblia diz: "Disse o néscio no seu coração: Não há Deus..." (SI 14.1a), e ainda: “Por causa do seu orgulho, o ímpio não investiga; todas as suas cogitações são: Não há Deus” (SI 10.4).
Existem, porém, várias evidências para os que desejarem "investigar", para terem certeza de que "Há um Deus".
1. A crença universal em um Ser Supremo
Não existe nenhuma raça humana que não tenha alguma noção de um ser supremo, um deus, de quem, através das suas religiões, procuram se aproximar para agradá-lo comunicando-se com ele por meio de sacrifícios, até de sangue... Muitas vezes é realmente um "deus desconhecido" e na sua cegueira estão tateando para achá-lo (At 17.23,27). A Bíblia diz: "...O que de Deus se pode conhecer, neles se manifesta..." (Rm 1.19a). Realmente, o homem foi criado por Deus conforme a sua imagem (Gn 1.26). Ele tem em si partículas desta sua origem divina, e por isto existe nele necessidade de um contato com a sua origem — Deus.

2. A consciência

No íntimo do homem há uma sentença moral sobre os seus atos praticados, sejam bons ou maus. Fala da existência de uma origem superior que no homem fez registrar os princípios da lei divina: "Porque quando os
gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei. Os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo- os" (Rm 2.14,15).
A consciência universal nos faz compreender que o Ser Supremo é um Ser Moral.

3. A criação do mundo

Fala da existência de um Criador. "Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos" (SI 19.1). O seu eterno poder como a sua divindade se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas (Rm 1.20). Como um relógio fala da existência de um relojoeiro, assim a criação fala de um Criador que é poderoso.

4. A Bíblia

A revelação divina escrita revela claramente a existência de Deus. Na Bíblia temos um documento autenticado, que nos faz conhecer a Deus através da sua própria revelação. Assim como alguém que quiser conhecer história, ciência ou qualquer outra matéria, procura estudar a literatura adequada para conseguir o conhecimento desejado, assim também aquele que verdadeiramente quer fazer a vontade de Deus, ele conhecerá, se esta doutrina é de Deus ou não (Jo 7.17).

5. Jesus, o Filho de Deus

Sua existência e vida neste mundo estão historicamente comprovadas. Veio para revelar Deus aos homens (Lc 10.22), e o fazer conhecer (Jo 1.16). Jesus disse: "...Quem me vê a mim, vê o Pai..." (Jo 14.9b). O caminho mais curto para conhecer a Deus é aceitar a Jesus como o seu Salvador, porque ele é o caminho para Deus (Jo 14.6).

6. Uma experiência pessoal da salvação

Por meio do sangue de Jesus Cristo, chegamos perto de Deus (Ef 2.13), e temos então uma absoluta certeza da existência de Deus, porque o Espírito do seu Filho clama em nós: Abba Pai (G1 4.6), e nós podemos com toda a tranqüilidade no coração orar: Pai nosso, que estás nos céus..." (Mt 6.9a).

III. DEUS É UMA PESSOA COM PERSONALIDADE

"Personalidade é o conjunto de características cognitivas, afetivas, volitivas e físicas de um indivíduo, distinguindo-o de outro indivíduo e da vida animal."
A Bíblia fala da "pessoa de Deus". Fala de Jesus como "...sendo o resplendor da sua glória e a expressa imagem da sua pessoa...'''' (Hb 1.3a).
Enquanto várias filosofias agnósticas, entre elas o panteísmo, afirmam que Deus é somente uma "força impessoal" ou que' 'Deus é a natureza" e que Ele se identifica com a sua criação, isto é, onde está a criação, aí está Deus, etc., a Bíblia revela Deus como uma Pessoa divina que possui todas as características de uma pessoa.
Se Deus não tivesse personalidade com a qual pudesse comunicar-se, os homens não teriam jamais a sua sede do Deus vivo saciada porque jamais entrariam em contato com Ele. Mas o nosso Deus é vivo e tem
personalidade.

1. Deus fala de si mesmo como de uma personalidade

Quando Moisés perguntou: "Qual é o teu nome?" Deus disse:' 'Eu sou o que sou". E disse mais:'Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós" (Êx 3.14). É impossível imaginar uma expressão mais forte de uma personalidade do que esta!

2. Jesus veio revelar aos homens o seu Pai (Lc 10.22)

Vejamos alguma coisa que Jesus revelou \a respeito da personalidade de seu Pai!
2.1. Jesus falou de Deus muitas vezes como sendo o seu Pai.
Ele disse: "Meu Pai e vosso Pai" (Jo 20.17). Foi Jesus que nos ensinou a orar: "Pai nosso" (Mt 6.9). Quem é Pai é uma personalidade.
2.2. Jesus usou, quando centenas de vezes falou de seu Pai, pronomes pessoais.
Ele disse: "Todas as tuas coisas são minhas e as minhas são tuas". "Vou para ti" (Jo 17.10,11). O uso de pronomes pessoais subentendem a personalidade de Deus.
2.3. Jesus falou de atividades de seu Pai que só são atribuídas a uma pessoa.
Ele disse: "Meu Pai trabalha" (Jo 5.17); "O meu Pai ama (Jo 3.35); "O meu Pai me enviou" (Jo 6.29); "O Pai ama o Filho e mostra-lhe tudo" (Jo 5.20). Falou da vontade de seu Pai (Jo 6.39,40 etc.), expressões que só se atribuem a uma pessoa. Assim necessariamente Ele é uma pessoa.
2.4. Jesus disse: "Meu Pai é o Lavrador" (Jo 15.1)
Nome que só é atribuído a uma pessoa, a um ser com personalidade.

IV. OS NOMES DE DEUS

Deus se apresenta na Bíblia através de vários nomes pelos quais Ele se faz conhecer. Cada nome de Deus exprime um aspecto da Natureza ou dos aspectos divinos. Deus sempre é, e continua eternamente sendo, tudo aquilo que o seu nome representa:

1. "ELOHIM" - Deus.

— Aparece na Bíblia cerca de 2.600 vezes.
— A Bíblia começa a sua mensagem com: "No princípio criou Deus
[ELOHIM] o céu e a terra" (Gn 1.1).
— “ELOHIM” é um substantivo que em si inclui a doutrina da
Trindade. Por isso, está escrito: "Disse Deus: façamos o homem...à nossa
imagem..." (Gn 1.26; cf. Gn 11.17; Is 6.8).

2. "EL-SHADDAI" - Deus Todo-poderoso (Gn 17.1).

— Este nome aparece cerca de 50 vezes no AT, sendo 31 em Jó.
— Este nome é composto de duas palavras: "EL" que significa Deus
forte, primeiro e poderoso-, "SHADDAI" que significa Todo-poderoso.
— Quando Deus se apresentou a Abrão como "EL-SHADDAI'', o
encontro foi tão significativo que o Senhor mudou o nome de Abrão para
Abraão (Gn 17.3-8).

3. "JEHOVAH" - Senhor. Citado pela primeira vez em Gênesis 2.4.

— Existem vários nomes ligados a "JEHOVAH". Vejamos aqui
algumas destas composições:
— Jehovah-Tsebaot - Senhor dos Exércitos (Zc 4.6);
— Jehovah-Rapha - O Senhor que sara (Êx 15.16);
— Jehovah-Nissi - O Senhor é a minha bandeira (Êx 17.15);
— Jehovah-Tsidekeneu - O Senhor justiça nossa (Jr 23.6);
—Jehovah-Jireh - O Senhor proverá (Gn 22.4); — Jehovah-Shalom - O Senhor é a nossa paz (Jz 6.24V
— Jehovah-Rohi - O Senhor é o meu pastor (SI 23 I V
— Jehovah-Shamah - O Senhor está ali (Ez 48 35)-
— E várias outras composições...
4. "EL-ELJOM" - Deus Altíssimo (Gn 14.18,19)
5. "ADONAI"— O Senhor.
6. "EL" - Deus como poder e força.
Aparece em combinação: "EMANU-EL" que significa conosco está
Deus.
7. "JA"-[abreviação de Jehovah] (SI 68.4), destaca o Auto-existente,
o Único. (Aparece só esta vez na Bíblia.

terça-feira, 4 de abril de 2017

Introdução do NV

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O Cristianismo, nas suas etapas iniciais, considerou o Antigo Testamento como a sua única Bíblia. Jesus, como os seus discípulos e apóstolos e o resto do povo judeu, citou-o como “as Escrituras”, “a Lei” ou “a Lei e os Profetas” (cf. Mc 12.24; Mt 12.5; Lc 16.16).
Com o passar do tempo, a Igreja, tendo entendido que em Cristo “as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2Co 5.17), produziu muitos escritos acerca da vida e da obra do Senhor, estabeleceu e transmitiu a sua doutrina e estendeu a mensagem evangélica a regiões cada vez mais distantes da Palestina. Dentre esses escritos foi-se destacando aos poucos um grupo de vinte e sete, que pelos fins do séc. II começou a ser conhecido como Novo Testamento. Eram textos redigidos na língua grega, desiguais tanto em extensão como em natureza e gênero literário. Todos, porém, foram considerados com especial reverência como procedentes dos apóstolos de Jesus ou de pessoas muito próximas a eles.
O uso cada vez mais freqüente que os crentes faziam daqueles vinte e sete escritos (convencionalmente chamados “livros”) conduziu a uma geral aceitação da sua autoridade. A fé descobriu, sem demora, nas suas páginas a inspiração do Espírito Santo e o testemunho fidedigno de que em Jesus Cristo, o Filho de Deus, cumpriam-se as antigas profecias e se convertiam em realidade as esperanças messiânicas do povo de Israel. Conseqüentemente, a Igreja entendeu que os escritos hebraicos, que chamou de Antigo Testamento, requeriam uma segunda parte que viesse a documentar o cumprimento das promessas de Deus. E, enfim, após um longo processo e já bem avançado no séc. V, ficou oficialmente reconhecido o cânon geral da Bíblia como a soma de ambos os Testamentos.

Divisão do Novo Testamento
Desde o séc. V, o índice do Novo Testamento agrupa os livros da seguinte maneira:
Biografia: Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João.
Os Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas são chamados de Evangelhos Sinópticos, devido a certo paralelismo que têm entre si (1). Estes evangelhos são assim considerados porque permitem uma visão panorâmica da vida, obra, doutrina, paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo (2).
Livro Histórico: Atos dos Apóstolos.
Epístolas Paulinas: Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Timóteo, Tito e Filemom.
Epístolas Gerais ou Universais: Hebreus, Tiago, 1 e 2 Pedro, 1, 2 e 3 João e Judas.
Livro Profético: Apocalipse.
Essa catalogação dos livros do Novo Testamento não corresponde à ordem cronológica da sua redação ou publicação; é, antes, um agrupamento temático e por autores. Talvez, deve-se ver nesse agrupamento o propósito de apresentar a revelação de Deus e o anúncio do seu reino eterno a partir da boa nova da encarnação (Evangelhos) até a boa nova do retorno glorioso de Cristo no fim dos tempos (Apocalipse), passando pela história intermediária da vida e da incumbência apostólica da Igreja (Epístolas).

A Transmissão do Texto
É realmente extraordinário o número de manuscritos do Novo Testamento que chegou a nós depois de tantos séculos desde que foram escritos. Ao todo, são mais de 5.000. Alguns são apenas pequenos fragmentos, tão deteriorados pelo tempo e pelas más condições ambientais, que a sua utilidade é praticamente nula. Mas são muito mais numerosos os manuscritos que, no todo ou em parte, se conservaram num estado suficientemente satisfatório para transmitir até o presente a sua mensagem e testificar assim a fidelidade dos cristãos que os escreveram.
Assim sendo, os manuscritos que conhecemos não são autógrafos, isto é, nenhum provém da mão do próprio autor. Todos, sem exceção, são cópias de cópias dos textos originais gregos ou de traduções para outros idiomas. Copistas especializados pacientemente consagrados a esse labor de muitos anos de duração, os produziram nos lugares mais diversos e no decorrer de séculos.
As cópias mais antigas até agora conhecidas são papiros que datam do séc. III, procedentes do Egito.
O papiro é uma planta abundantemente encontrada às margens do Nilo. Da sua haste, cortada e prensada, preparavam-se tiras retangulares, que se uniam formando folhas de uns 30 centímetros de largura e vários metros de comprimento. Uma vez escritas, enrolavam-se as folhas com o texto para dentro, atando-as com fios.
Os rolos de papiro eram de fácil fabricação, mas o seu manejo era incômodo. Ademais, tanto a umidade como o calor seco danificavam o material e impediam a sua prolongada duração. Por isso, em substituição ao papiro, entre os séculos II e V, se difundiu o uso de pergaminho, que era uma folha de pele de ovelha ou cordeiro especialmente curtida para poder-se escrever nela. Esse novo material, bastante mais custoso que o anterior, porém muito resistente e duradouro, permitiu, primeiro, a preparação de cadernos e, depois, o de códices, isto é, livros na forma em que os conhecemos atualmente. Entre os diversos códices da Bíblia descobertos até o dia de hoje, os mais antigos e, simultaneamente, mais completos são os chamados Sinaítico eVaticano, ambos datados do séc. IV.

Palestina Romana
Jesus nasceu em fins do reinado de Herodes, o Grande (47 a 4 a.C.). Homem cruel (cf. Mt 2.1-16) e, sem dúvida, inteligente, distinguiu-se pela grande quantidade de terras e cidades que conquistou e pelas numerosas e colossais construções com que as dotou. Entre estas, o templo de Jerusalém, do qual apenas se conservaram uns poucos restos pertencentes à muralha ocidental (o Muro das Lamentações).
Após a morte de Herodes (Mt 2.15-19), o seu reino foi dividido entre os seus filhos Arquelau, Herodes Antipas e Filipe. Arquelau (Mt 2.22), etnarca da Judéia e Samaria, foi deposto pelo imperador Augusto no ano 6 d.C. A partir de então, o governo esteve em mãos de procuradores romanos, entre eles Pôncio Pilatos, que manteve o cargo desde o ano 26 até 36. Herodes Antipas (Lc 3.1) foi tetrarca da Galiléia e Peréia até o ano 39; e Filipe (Lc 3.1), até 34 o foi da Ituréia, Traconites e outras regiões orientais do Norte (Ver a Cronologia Bíblica).
No ano 37, o imperador Calígula nomeou rei a Herodes Agripa e o colocou sobre a tetrarquia de Filipe, à qual logo acrescentou a de Herodes Antipas. Com a morte de Calígula (assassinado no ano 41), o seu sucessor, Cláudio, ampliou ainda mais os territórios de Agripa com a anexação da Judéia e Samaria. Desse modo, Agripa reinou até a sua morte (44 d.C.), praticamente sobre toda a Palestina.
Antipas foi aquele que mandou prender e matar a João Batista (Mc 6.16-29); e Herodes Agripa foi quem perseguiu a igreja de Jerusalém e mandou matar a Tiago e prender a Pedro (At 12.1-19). O Novo Testamento fala também de outro Herodes Agripa, filho do anterior: o rei que, acompanhado da sua irmã e mulher Berenice, escutou o discurso pronunciado por Paulo em sua própria defesa, em Cesaréia (At 25.13—26.32).
Por detrás de todos esses personagens se manteve, sempre vigilante, o poder romano. Roma era quem empossava ou demitia governantes nos países submetidos ao seu domínio, conforme lhe convinha. Durante a vida de Jesus e até à destruição de Jerusalém no ano 70, sucederam-se em Roma sete imperadores (ou césares). Três deles são mencionados no Novo Testamento: Augusto (Lc 2.1), Tibério (Lc 3.1) e Cláudio (At 11.28; 18.2). E há um quarto, Nero, cujo nome não é mencionado, a quem Paulo faz tácita referência ao apelar ao tribunal de César (At 25.10-12; 28.19).
A Palestina fazia parte do Império Romano desde o ano 63 a.C. Essa circunstância significara a perda definitiva da sua independência nacional. Dois longos séculos de agitação política a tinham levado a um estado de irreparável prostração moral, de que Roma, pela mão do general Pompeu, aproveitou-se apoderando-se do país e integrando-o na província da Síria.
A fim de manter a paz e a tranqüilidade nos seus territórios, Roma atuava geralmente com muita cautela, sem pressionar excessivamente a população submetida e sem forçá-la a mudar os seus próprios modelos da sociedade, nem os seus costumes, cultos e crenças religiosas. Inclusive, às vezes, a fim de pôr uma nota de tolerância e boa vontade, consentia a existência de certos governos nacionais, como os de Herodes, o Grande, e dos seus sucessores dinásticos.
O que Roma nunca permitiu foi a agitação política e muito menos a rebelião aberta dentro das suas fronteiras. Quando isso ocorria, o exército se encarregava de restabelecer a ordem, atuando com presteza e com o máximo rigor. Foi isso que aconteceu no ano 70 d.C., quando Tito, filho do imperador Vespasiano, arrasou Jerusalém e provocou a “diáspora” (ou dispersão) de grande parte da população, a fim de acabar de uma vez por todas com as revoltas judaicas iniciadas uns quatro anos antes.

Configuração Física da Palestina
O Jordão é o rio da Palestina. Nasce no monte Hermom e percorre o país de norte a sul, dividindo-o em dois: a Cisjordânia, ou lado ocidental, e a Transjordânia, ou lado oriental. Depois de atravessar o mar da Galiléia, corre serpenteante ao longo de uma depressão geológica cada vez mais profunda, até desembocar no mar Morto, a uns 110 km do lugar do seu nascimento e a quase 400 m abaixo do nível do Mediterrâneo.
O mar Morto, de quase 1000 km² de superfície, deve o seu nome ao fato de que a alta proporção de sal e outros elementos dissolvidos nas suas águas fazem nelas impossível a vida de peixes e de plantas. Ao contrário, o mar (ou o lago) da Galiléia, também chamado de lago de Genesaré ou de Tiberíades (cf., p. ex., Mt 4.18; 14.34 e Jo 6.1), de 145 km² de superfície e situado igualmente em uma profunda depressão (212 m abaixo do nível do Mediterrâneo), é uma grande represa natural de água doce em que abundam os peixes (cf. Lc 5.4-7; Jo 21.6-11).
A Palestina é uma terra de montanhas. Na época do Novo Testamento, quase todas as suas cidades estavam situadas em algum ponto da cordilheira que desce, desde os maciços do Líbano (3.083 m) e do Hermom (2.760 m) até os limites meridionais do país na região desértica do Neguebe. Essa cadeia só se vê cortada pela planície de Jezreel (Js 17.16), que penetra nela, deixando ao norte os montes da Galiléia e ao sul os desvios das montanhas de Samaria.
Alguns nomes do sistema orográfico da Palestina se conhecem pela menção que deles fazem os relatos bíblicos. No lado oriental do Jordão, p. ex., encontra-se o monte Nebo, de 1.146 m de altura; e, no lado ocidental, o Carmelo (552 m), o Gerizim (868 m), o monte das Oliveiras (uns 800 m) e o Tabor (562 m).
A Palestina achava-se limitada pelos desertos da Arábia e da Síria ao leste e, a oeste, pelo mar Mediterrâneo, separado das montanhas pelas terras baixas que começam na fértil planície de Sarom (cf. Ct 2.1; Is 35.2), junto ao monte Carmelo.

Populações da Palestina
Os Evangelhos e Atos dos Apóstolos mencionam um bom número de cidades, vilas e aldeias espalhadas pelo país, especialmente a oeste do Jordão e do mar Morto. Na região da Galiléia se encontravam, às margens do lago de Genesaré, Cafarnaum, Corazim e Magdala; e, mais ao interior, Caná, Nazaré e Naim.
Na região da Judéia, a quase 1.150 m acima do nível do mar Morto, eleva-se Jerusalém. Perto dela, ao sul, Belém; a leste, sobre o monte das Oliveiras, Betânia e Betfagé; e, a oeste, Emaús, mais longe, Lida e, por último, o porto de Jope. A partir daqui, descendo pelo litoral, Azoto e Gaza.
O Novo Testamento menciona também algumas cidades e vilas palestinas que não pertenciam à Judéia ou Galiléia: Cesaréia de Filipe, na Ituréia; Sarepta, Tiro e Sidom, no litoral da Fenícia; Siquém, em Samaria.

Sociedade e Cultura no Mundo Judaico
Os relatos dos evangelistas oferecem uma espécie de retrato da forma de vida dos judeus de então. As parábolas de Jesus e as ocorrências nos percursos que fez pela Palestina destacam a importância que, naquela sociedade, representavam os trabalhos do campo. A semeadura e a colheita de cereais, o plantio de vinhas e a colheita de uvas, a produção hortícola e as referências à oliveira, à figueira e a outras árvores são dados reveladores de uma cultura basicamente agrária, completada com a criação de rebanhos de ovelhas e cordeiros, de animais de carga e, inclusive, de manadas de porcos. Por outro lado, a pesca ocupava um lugar importante na atividade dos moradores que viviam nas aldeias costeiras do mar da Galiléia.
Junto a essas profissões exerciam-se também outras de índole artesanal. Ali se encontravam perfumistas, tecelões, curtidores, carpinteiros (cf. Mc 6.3), oleiros e fabricantes de tendas de campanha (cf. At 18.3); e, certamente, também servidores domésticos, comerciantes, banqueiros e cobradores de impostos (ver Publicanos naConcordância Temática).
Nos degraus mais baixos da escala sócio-econômica estavam os peões contratados ao salário do dia, os escravos (cf. Êx 21.1-11), as prostitutas e um número considerável de pessoas que sobreviviam com a prática da mendicância.

Religião e Política
A religião e a política caminham juntas no mundo judaico. Eram dois componentes de uma só realidade, expressa no sentimento nacionalista que brotava da mesma fonte, a fé no Deus de Abraão, Isaque e Jacó. A história do povo de Israel é a história da sua fé em Deus; e a sua fé é a fé em que Deus governa toda a sua história.
Por isso, o sumo sacerdote em exercício era precisamente aquele que presidia o Sinédrio, máximo órgão jurídico e administrativo da nação. Este consistia num conselho de 71 membros, no qual estavam representados os três grupos político-religiosos mais significativos da época: os sacerdotes, arrolados na sua maioria no partido saduceu; os anciãos, geralmente fariseus; e os mestres da Lei.
O Sinédrio gozava de todas as competências de um governo autônomo, salvo aquelas em que Roma se reservava os direitos de última instância. O Sinédrio, p. ex., era competente para condenar à morte um réu, mas a ordem da execução exigia o visto da autoridade romana, como sucedeu no caso de Jesus (cf. Jo 19.10).
Em relação aos partidos, convém assinalar que os fariseus eram os representantes mais rigorosos da espiritualidade judaica. Com a sua insistência na observância estrita da Lei mosaica e no respeito às tradições dos “pais” (isto é, os antepassados), exerciam uma forte influência no povo. Jesus reprovava o seu exagerado zelo ritual e o afã de satisfazer os mais insignificantes aspectos da letra da Lei, que os fazia esquecer freqüentemente os valores do espírito que a anima (cf. Mc 7.3-4,8-13. Ver 2Co 3.6).
Os saduceus representavam, de certo modo, a aristocracia de Israel. Esse partido, mais reduzido numericamente que o fariseu, era formado, em grande parte, pelas poderosas famílias dos sumos sacerdotes. Na sua doutrina, em contraste com o que ensinavam os fariseus, os saduceus mantinham “não haver ressurreição, nem anjo, nem espírito” (At 23.8).
Tradicionalmente, se tem considerado que os zelotes constituíam um grupo judaico nacionalista que se rebelou contra Roma. Eram conhecidos também como cananitas.Com ambos os epítetos se identifica no Novo Testamento Simão, um dos doze discípulos de Jesus (ver Lc 6.15, nota n e cf. Mt 10.4 e Mc 3.18 com Lc 6.15 e At 1.13). Os zelotes desempenharam um papel muito ativo na rebelião dos anos 66 a 70.
À parte desses três grupos, havia outros, como os herodianos, cuja identidade não se conseguiu esclarecer totalmente. É provável que se tratasse de pessoas a serviço de Herodes, embora alguns achem que o nome se adapte melhor aos partidários de Herodes e de sua dinastia.
Os escribas, mestres da Lei ou rabinos formavam um grupo profissional e não um partido. Eram os encarregados de instruir o povo em matéria de religião. Não pertenciam, em geral, à classe sacerdotal, mas eram influentes e chegaram a gozar de uma elevada consideração como intérpretes das Escrituras e dirigentes do povo.
Pouco tempo e pouco espaço necessitou Jesus de Nazaré para realizar uma obra cujas bênçãos haveriam de alcançar a todos os seres humanos de todos os tempos e de todos os lugares. O Novo Testamento dá testemunho disso: ele é o registro que, com a mesma singeleza com que o Filho de Deus se manifestou em carne, também fala do amor de Deus e da sua vontade salvadora.